Ricardo Pupo Larguesa*: O Porto e a crise de mão de obra da TI

A pandemia a potencializou por aumentar, e muito, a demanda por soluções tecnológicas em todo o mundo

Por: Ricardo Pupo Larguesa  -  13/05/22  -  14:29
  Foto: Carlos Nogueira/AT

É notório que o setor de Tecnologia da Informação está passando por uma crise de mão de obra. Os veículos de imprensa já noticiam isso há um tempo e associações como a Softex apontam projeções de carência da ordem de várias centenas de milhares de profissionais.


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Essa escassez não é recente, mas a pandemia a potencializou por aumentar, e muito, a demanda por soluções tecnológicas em todo o mundo.


Na área, o que se percebe não é apenas a escassez de profissionais qualificados, mas um nivelamento menor de qualificação, salários inflacionados, profissionais superestimados, competitividade diminuída e altíssima rotatividade nas empresas. Tudo isso fruto da conhecida relação entre oferta e procura.


Na indústria, uma busca implacável (na minha opinião, em vão) por ferramentas “automágicas” que aumentem a produtividade e diminuam as falhas nos processos de desenvolvimento de sistemas. Ofertas de trabalho economicamente inviáveis a longo prazo estão promovendo uma rotatividade profissional sem precedentes e instituindo o trabalho remoto, mais improdutivo, como padrão. O resultado é a produção de sistemas ruins e caros. Outra consequência é a formação continuada de profissionais sem identidade com suas organizações e seus projetos. E sem comprometimento com entrega de resultados.


É um cenário preocupante. Tardiamente, instituições de ensino começam a se mobilizar, a imprensa começa a estimular e o Governo começa a promover o aumento da oferta de profissionais. Mas, infelizmente, é um tipo de profissão que demanda um tempo longo de formação. Não basta aprender uma linguagem. É preciso aprender toda uma nova forma de pensar, desenvolver habilidades cognitivas novas que não foram estimuladas na educação básica dessa geração.


O setor portuário acaba sofrendo mais com essa situação. Embora seja um setor fundamental para os novos comportamentos sociais que a pandemia aflorou, por não dispor de um grande orçamento para TI, acaba perdendo profissionais para setores mais abastados como o financeiro e o de saúde.


Mais do que nunca, temos o desafio de fazer mais com menos, e o desafio maior ainda de montar times longevos e comprometidos para atender as complexas demandas do nosso importantíssimo setor portuário.


*Ricardo Pupo Larguesa é engenheiro de computação, sócio-fundador da T2S, professor e pesquisador na Fatec Rubens Lara


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