Porto de Santos recebe alunos da Marinha Mercante: 'Não formamos marinheiros em bancos escolares'

Contra-almirante da Marinha fala sobre rotina de 240 estudantes que permanecem em Santos até sábado (16)

Por: Ágata Luz  -  15/07/22  -  19:57
Atualizado em 15/07/22 - 21:09
Alunos chegaram ao cais santista a bordo do navio de desembarque de carros de combate Almirante Saboia
Alunos chegaram ao cais santista a bordo do navio de desembarque de carros de combate Almirante Saboia   Foto: Matheus Tagé/AT

O Porto de Santos recebeu futuros oficiais da Marinha Mercante, nesta quinta-feira (14), quando 240 alunos dos centros de instrução da Marinha chegaram ao cais santista a bordo do navio de desembarque de carros de combate Almirante Saboia. Eles participam de uma viagem de instrução chamada Mercantex, com objetivo de aliar a prática aos conhecimentos teóricos da formação.


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O contra-almirante da Marinha, Paulo Ruiz, explica que a viagem acontece anualmente com alunos do primeiro e terceiro ano. “Esse contato é fundamental. A gente não forma marinheiros em bancos escolares. Eles precisam ter experiência no mar e conhecer o ambiente que vão trabalhar”.


Com duração de três anos de fase acadêmica em regime de internato e um ano de estágio embarcado, a formação acontece em centros da Marinha no Rio de Janeiro (RJ) e em Belém (PA). Ao fim do primeiro ano, os estudantes escolhem a especialidade que querem seguir: Náutica ou Máquinas. “Uma categoria lida com a parte da manobra do navio e segurança, enquanto o pessoal de máquinas é dedicado à manutenção e condução da propulsão da embarcação”, explica Ruiz.


O aluno do 1º ano José Eduardo Marano Pechmann Mendonça, de 22 anos, diz que, além de acompanhar as atividades, o convívio com a tripulação e os estudantes mais experientes é importante para decidir o rumo a ser dado à carreira. Ele é de Santos, mas se mudou para o Rio em busca de realização profissional, o que tornou a passagem pelo litoral paulista ainda mais especial.


“É uma sensação sem igual voltar. Eu conheço bastante o Porto, cheguei a morar próximo dele, mas nunca tinha visto desse ângulo (aluno da Marinha Mercante). É muito bom. Gostaria que toda viagem fosse assim, pois aqui posso visitar os meus pais”.


José Eduardo (à esquerda) e André Tavares (à direita) falam sobre a importância da viagem de instrução
José Eduardo (à esquerda) e André Tavares (à direita) falam sobre a importância da viagem de instrução   Foto: Matheus Tagé/AT

Apesar de já ter escolhido a especialidade náutica, o estudante do 3º ano André Tavares, de 22 anos, diz que a viagem é essencial para sua formação. “É o momento em que a gente coloca em prática tudo que aprendeu nos livros”, enfatiza o jovem, que cresceu no mundo da Marinha Mercante. “Minha irmã também estudou nesse centro de instrução, ela foi uma inspiração”.


O contra-almirante explica que a Marinha abre processo seletivo anualmente para os dois centros de instrução, com cerca de 300 vagas. Após a conclusão do curso, os jovens já ganham oportunidades no mercado de trabalho. “Nesse momento, vivemos uma procura crescente das empresas em relação a essa mão de obra”.


Comandante do Almirante Saboia, o capitão de mar e guerra Raphael Corrêa Silva diz que a embarcação é a ideal para o treinamento, pois “é um navio de transporte e de guerra, mas tem como tarefa principal efetuar transporte, o que é uma atividade muito próxima da que os novos futuros profissionais vão exercer".


"Como há o pessoal de náutica e máquinas, alguns acompanham o funcionamento dos navios nas máquinas e outros observam a gente manobrando o navio, preparando a navegação e conduzindo-o no mar. Costumo dizer que a prática é soberana, pois mostra como o profissional deve agir nas situações que não estão previstas”.


Saiba mais

O contra-almirante da Marinha, Paulo Ruiz, explica que a Marinha Mercante tem como foco o transporte de mercadoria e de bens entre os portos. “A atividade é voltada para o comércio marítimo. É diferente da militar, que prioriza a defesa e a segurança da Pátria”.


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