Porto bate recorde histórico na movimentação de contêineres
Mais de 400 mil TEU (unidade equivalente a uma caixa metálica de 20 pés) passaram pelo cais santista em novembro
O Porto de Santos registrou, em novembro, a melhor marca de movimentação de contêineres da sua história. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, cerca de 400 mil TEU (unidade equivalente a uma caixa metálica de 20 pés) entraram ou saíram do País pelo cais santista. Para o ano, a expectativa é de que o complexo marítimo movimente 145 milhões de toneladas de mercadorias.
Os dados de novembro ainda não foram totalmente consolidados pela Autoridade Portuária de Santos, novo nome da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp. Mas foram apresentados pelo diretor-presidente da estatal, Fernando Biral, na última segunda-feira (1º), no Porto & Mar 2020 - Seminário A Tribuna para o desenvolvimento do Porto de Santos, realizado pelo Grupo Tribuna na cidade.
“Foi o melhor mês da história do Porto de Santos na movimentação de contêineres. Ainda não finalizamos os números, mas estamos chegando próximo à casa dos 400 mil TEU movimentados. É um marco muito importante e sinaliza a retomada da economia. Obviamente tem bastante exportação aí, mas também sentimos recuperação das importações. A indústria vem reagindo”, apontou o executivo da Autoridade Portuária.
Para o Biral, as expectativas também são boas para o ano. “Temos recorde de movimentação, o Porto vem crescendo bastante. São quase 145 milhões de toneladas que serão movimentadas neste ano, essa é a projeção, um crescimento de quase 10%. Isso é fruto não só da nossa gestão técnica, mas também fruto de agronegócio e da nossa competitividade na exportação que foi retomada”.
BR do Mar
Para o próximo ano, as expectativas também são de crescimento. As previsões positivas também levam em conta a aprovação do programa BR do Mar, no Congresso Nacional. O texto, que prevê incentivos à cabotagem no País, deve ser apreciado na próxima segunda-feira (7) pelos parlamentares.
“O BR do Mar vai trazer para Santos um volume adicional de contêineres em função da concentração de longo curso no Porto e depois o uso eficiente da cabotagem para que a gente possa melhorar competitividade logística no País. Isso não significa que caminhoneiros serão prejudicados, pelo contrário. A gente acredita que, quanto mais o comércio mundial crescer, quanto mais a gente puder deslocar os contêineres, mais isso vai fortalecer os caminhoneiros”, afirmou o presidente da Autoridade Portuária.
O projeto de lei 4.199, que cria o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem prevê ampliar a utilização do modal em todo o País. Hoje o transporte aquaviário responde por apenas 11% do total de cargas movimentadas no Brasil. Já o rodoviário, é o utilizado para o transporte de 65% das mercadorias.
Análise
Os portos brasileiros, sobretudo o de Santos, terão grande importância no processo de retomada da economia no cenário pós-Covid-19. No entanto, não estão livres do impacto negativo da pandemia, principalmente no que se refere ao transporte de turistas em navios de cruzeiro.
A previsão é do economista e professor universitário Hélio Hallite. Ele destaca que, apesar da redução das importações, por conta da alta do dólar e do desaquecimento da economia, o País nunca importou tantos fertilizantes.
Com isso, a expectativa segue alta para as próximas safras agrícolas, que impulsionam as exportações. “É fato histórico que, durante guerras e pandemias, os navios e os portos, além de não interromperem suas atividades, ainda mostraram índices de crescimento muito superiores aos dos outros setores da indústria, serviços e comércio. Como sabemos, em 2020 o agronegócio brasileiro supriu o aumento da demanda mundial. Carnes e café puxaram maiores movimentações de contêineres. O aumento acontece nas unidades e na tonelagem movimentadas, o que é uma prova que a economia está em recuperação. Portos e navios não se contaminam tampouco precisam de vacinas. Sempre superaram crises e recuperaram nações. A história que se repete”, destacou o especialista em comércio exterior.
Mesmo com a previsão de impulso das operações portuárias no cenário pós-Covid, há um segmento que deve ser seriamente impactado. Trata-se das cruzeiros marítimos.
Isto porque centenas de viagens foram canceladas desde março. E ainda há incertezas relacionadas à realização de embarques e desembarques na temporada 2020/2021.
“(a expectativa é positiva) Especificamente para alguns setores, dentre eles, portos. Mesmo na área portuária, o turismo de passageiros praticamente desintegrou. É um exemplo dos impactos negativos da pandemia. Em 2021, o Brasil poderá quebrar em alguns pedaços. É possível que aeroportos, estações rodoviárias fiquem vazios. Portos, jamais”, afirmou o especialista em comércio exterior.