Obras no cais da Ilha Barnabé estão suspensas
Autoridade Portuária afirma que situação não vai interferir no prazo de entrega, em 18 meses
As obras estruturais do cais da Ilha Barnabé, na Margem Esquerda do Porto de Santos, estão suspensas, segundo a Autoridade Portuária de Santos, por problemas de fornecimento de materiais. A estatal, no entanto, garante que os serviços serão concluídos dentro dos 18 meses previstos em contrato firmado com a empresa vencedora da licitação, Ster Engenharia Ltda.
O projeto prevê a recuperação estrutural do cais e dos dolfins (estrutura de concreto utilizada para a atracação de navios), a contenção do talude (lateral inclinada do canal de navegação), instalação de passarelas metálicas e construção de um dolfim de amarração, e será custeada com recursos próprios da APS, no valor de R$ 24,8 milhões.
O cais possui dois berços públicos (São Paulo e Bocaina) e um privado (Pier 1, da Ageo). A Autoridade Portuária informa que o canteiro para os trabalhos já foi mobilizado e “a expectativa é que as obras de contenção na retroárea do cais São Paulo sejam retomadas entre 3 a 4 semanas”. A Ilha Barnabé é responsável pela movimentação de granéis líquidos do Porto e concentra 35% das operações desse tipo de carga.
Berço liberado
Diante da suspensão das atividades, a Autoridade Portuária optou por liberar o berço para operações. “Todo o andamento e planejamento da obra está sendo transparente, em alinhamento com as associações representantes dos usuários dos berços da Ilha Barnabé, por meio de reuniões realizadas frequentemente”.
A APS ressalta que os usuários serão avisados antecipadamente do bloqueio do uso do cais São Paulo. “Após o término da contenção da retroárea, será avaliada a possibilidade de liberação da atracação quando não houver trabalho dos operários, como nos finais de semana, feriados e à noite, conforme já divulgado. A decisão dependerá da viabilidade em relação à segurança”, destaca a nota.
Impacto
O diretor-executivo do Sindicato Agências Navegação Marítima Estado São Paulo (Sindamar), José Roque, confirma que as reuniões virtuais têm sido realizadas com transparência. O sindicalista acredita, no entanto, que ao serem iniciadas, as obras vão causar um impacto no tempo de espera das atracações. Segundo ele, a espera, que hoje pode chegar a dois dias, deve saltar para cinco.
“Certamente a redução (de berços) exigirá um esforço conjunto entre agências, terminais e Autoridade Portuária para promoção a maior eficiência no uso dos berços remanescentes, a fim de que a demanda das cargas seja atendida a contento. Nesse sentido temos tido engajamento de todos os envolvidos e obtido resultados positivos”.
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), em nota, ressalta que há “o temor” quando aos impactos das obras no escoamento da carga de produtos químicos. Entretanto, a entidade aponta que não há fazer previsões de eventuais danos com as obras paralisadas.
“Aguardamos o compartilhamento do cronograma de obras, que deverá ser entregue (pela APS). A partir do cronograma detalhado da obra, poderemos identificar mais claramente seu impacto na logística das cargas”, diz em texto.
A entidade ressalta, ainda, que participa de um grupo de trabalho formado pela APS, e representantes da Associação Brasileira de Terminais de Líquidos (ABTL). “A Abiquim apresentou nesse (grupo) propostas para reduzir o impacto das obras e aguarda a análise (da APS)”.
A obra
As obras ocorrerão nos berços São Paulo e Bocaina, que acessam por tubulação os terminais da Ageo e da Adonai, e serão feitas de forma alternada: primeiro a interdição será no São Paulo e, após conclusão da manutenção e liberação para operações, será realizada no Bocaina. Desta forma, no tempo em que as intervenções durarem, haverá sempre dois berços operando na Ilha.
Considerando que o Píer 1 tem maior capacidade, o impacto na redução de capacidade esperado nesses berços com as intervenções é estimado entre 15% e 20% em termos anuais.