No Porto de Santos, minoria das arrendatárias faz relatório ambiental
Estudo da Fatec Baixada Santista mostra que só 23 das 53 divulgam documentos de sustentabilidade
O meio ambiente tem ganhado força no cenário empresarial, seja pela responsabilidade diante das mudanças climáticas ou por estratégia. Afinal, ações sustentáveis agregam valor às empresas. Entre as arrendatárias de áreas do Porto de Santos, porém, menos da metade — 23 de 53 — divulgam relatórios de sustentabilidade.
O documento não é obrigatório, mas, segundo a professora doutora Janara de Camargo Matos, da disciplina Desenvolvimento Sustentável Portuário do curso de Gestão Portuária da Fatec Baixada Santista, a situação “tem que melhorar”, diante do baixo número de relatórios desenvolvidos.
Desde fevereiro, ela e o aluno Thiago de Oliveira Teixeira, do quarto ciclo (segundo ano) do curso, desenvolvem um trabalho científico para aprofundar a questão. Eles preveem concluir o estudo em dezembro.
“Quando a gente descobriu que 30 empresas não usavam (divulgavam) esse relatório, eu fiquei meio triste, porque é uma ferramenta que se consegue mostrar ao público, ainda mais quando é seguido um padrão, que se tem uma análise dos dados coletados: de emissões, geração de resíduos e uso de recursos naturais. Isso demonstra que a empresa tem uma preocupação com as questões ambientais”, lamenta Janara.
Teixeira diz que, quando começou a pesquisa pensou que “o Porto de Santos é o maior da América Latina. Então, a questão ambiental deve ser bem pautada por todas as empresas. Porém, quando me aprofundei, percebi que essa divulgação é bem precária”.
“Esses relatórios demonstram para o público, stakeholders (partes interessadas) e demais interessados, porque ele é aberto a todos, como a empresa trabalha sua gestão ambiental. (...) São relatórios bem completos e com dados matemáticos, com quantidade de resíduos e emissões. Em cima disso, a empresa que tem o trabalho de levantar, guardar e analisar esses dados demonstra a intenção de melhorar”, ressalta a professora doutora.
Segundo ela, a pesquisa também levantou se essas empresas têm certificações ISO 9001, 14001 e 18001 — de Gestão Integrada, ambiental, qualidade e segurança do trabalho. A ISO (Organização Internacional de Normalização, na sigla em inglês) desenvolve normas, testes e certificação.
“Sabemos que nem todas as empresas têm esse olhar. Seria interessante que isso fosse mais divulgado, ainda mais agora que o grande público está começando a ter esse olhar para o meio ambiente, por ter preocupações ambientais.”
Ela explica que muitas pessoas desconhecem a existência desse material, que está acessível a todos e pode, inclusive, fomentar políticas públicas.
“Essas informações ela (a empresa) está mostrando para todos, inclusive para os concorrentes. Tem uma certa regulação do mercado, porque, se desmentir descaradamente, ele pode checar que não está falando a verdade.”
Começo
O trabalho científico foi proposto pela professora doutora Janara de Camargo Matos. Ela conta que já trabalhava, em aula, a questão da sustentabilidade nas empresas e teve a ideia de ampliar a pesquisa.