Jovens de Praia Grande têm a chance de atuar em cruzeiros

Eles passaram pelo Instituto Neymar Jr e foram selecionados pelo projeto social Jovens Tripulantes

Por: Marcela Morone  -  28/11/21  -  14:28
Os jovens embarcam amanhã no navio Costa Fascinosa. Eles ficaram em quarentena por sete dias antes da viagem em um hotel de Santos
Os jovens embarcam amanhã no navio Costa Fascinosa. Eles ficaram em quarentena por sete dias antes da viagem em um hotel de Santos   Foto: Divulgaçã/Instituto Neymar Jr

O jovem Adriel Luis, de 23 anos, sempre quis ser fuzileiro naval. Mas, por causa de problemas pessoais, nunca conseguiu realizar seu sonho. Segunda-feira (29), ele começa a trabalhar onde sempre desejou: no mar. A oportunidade veio por meio da parceria firmada entre o projeto social Jovens Tripulantes e o Instituto Neymar Jr.


Por meio de um processo seletivo entre ex-alunos do Instituto, a iniciativa levará 68 jovens do Jardim Glória, em Praia Grande, para trabalhar em navios da Costa Cruzeiros. Além de viajar pelo mundo, esses jovens vão poder aprender novos idiomas e ganhar em dólar ou euro.


Segunda-feira (29), 33 jovens já irão embarcar no Costa Fascinosa. E Adriel é um deles.


“Quando eu comecei a ouvir sobre o projeto, agradeci a Deus por me mostrar que esse é o meu momento. Minha meta agora é embarcar e dar o meu melhor nessa experiência a bordo”, afirma o futuro tripulante.


Após o processo seletivo realizado em agosto deste ano, os jovens deram início a um curso à distância com aulas ministradas por diretores, gerentes, supervisores e tripulantes da indústria dos cruzeiros. O curso foi promovido pela Deck4, idealizadora do projeto, que já formou mais de 18 mil profissionais.


O jovem Lucas Macedo, de 20 anos, diz que também sempre quis trabalhar a bordo, mas que achava não ser algo acessível por conta dos altos custos de investimentos e a necessidade de qualificações.


“O projeto apareceu para mim e isso ampliou meu leque de expectativas. Sinto que achei o meu propósito e pretendo seguir carreira”, explica.


Mundo novo

Thaissa Castro, de 18 anos, revela que não conhecia direito a área de cruzeiros marítimos e que sua meta era cursar gastronomia em uma universidade. Mas, se encantou por pelas embarcações de passageiros depois de fazer os cursos.


“É uma possibilidade de emprego totalmente diferente e desafiadora. Tenho certeza que vai ser uma experiência única e totalmente fora da minha zona de conforto. Desafios me motivam, então pretendo continuar no ramo”, conta.


A jovem Nathália Marques, de 21 anos, também nunca tinha imaginado trabalhar a bordo. “Meu plano era trabalhar na parte de tecnologia”, cita.


Como requisito para trabalhar a bordo, os jovens selecionados foram vacinados e realizaram vários exames fornecidos pelo Instituto Neymar Jr.


“Particularmente, essa parceria é uma conquista que deixa todo o corpo diretivo e equipe muito feliz. Saber que contribuímos para a formação profissional e de caráter desses jovens nos faz acreditar ainda mais no trabalho que estamos realizando no Instituto. Nos dá força para começar o próximo ano depois de tempos difíceis no mundo inteiro”, ressalta o diretor financeiro do Instituto Neymar Jr, Altamiro Bezerra.


Projeto busca preencher lacuna

O co-fundador da Deck4 e um dos idealizadores do Jovens Tripulantes, Fabrício Brito, conta que a iniciativa do projeto surgiu após perceber que a empresa onde trabalhava a bordo tinha dificuldades em contratar tripulantes para algumas posições. “Eu pensei: poxa os caras lá da minha quebrada, da Baixada, adorariam ter esse trabalho e eu poderia fazer essa interlocução, levar esses caras para lá”, relembra.


Brito explica que existem algumas posições que não demandam tanta qualificação ou experiência e que, por meio de treinamentos, é possível formar pessoas para essas vagas. “Eu olhava muita gente que não tinha perfil trabalhando naquelas vagas. Ao mesmo tempo, olhava uma galera extremamente qualificada fazendo um trabalho que eles odiavam”, conta.


Para ele, o diferencial do Jovens Tripulantes é que o programa traz o mercado de trabalho até o jovem. “Não adianta só qualificar. Você precisa pegar na mão e falar ‘olha, agora vou te colocar numa entrevista’”.


Durante a quarentena necessária antes do embarque, os profissionais receberam um treinamento exclusivo e totalmente personalizado. O objetivo é reforçar todo o conteúdo pedagógico adquirido durante o curso com aulas extras ao vivo sobre vários temas, como saúde mental, multiculturalismo, relacionamento interpessoal no trabalho e italiano.


Esperança

Com o cenário de crise econômica, agravado pela pandemia de covid-19, muitos jovens, principalmente os mais carentes, ficaram sem esperança de ter um futuro melhor. Daí a importância de projetos sociais, que os direcionam para o mercado de trabalho.


“A gente vive em um País em que a juventude perdeu a vontade de sonhar. Você imagina um menino da periferia da Baixada Santista sonhar algum dia em ir para o Rio de Janeiro? No projeto, ele pode”, finaliza.


Chegada

O Costa Fascinosa, primeiro navio da Costa Cruzeiros para a temporada 2021/2022, atraca no Porto de Santos nesta segunda-feira (29), às 8 horas. O navio deve seguir viagem a partir das 18 horas, com destino a Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e depois para Ilhabela, no litoral norte de São Paulo.


A embarcação pode transportar até 3.617 passageiros e 1.100 tripulantes, mas deverá operar com 75% da capacidade por conta da pandemia. Os roteiros do Fascinosa contam com os minicruzeiros tradicionais de três ou quatro noites e os de sete a dez noites, que passam por Ilha Grande (RJ) , Ilhabela (SP), Búzios (RJ), Angra dos Reis (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Itajaí (SC).


Quarentena

Seguindo os protocolos internacionais de saúde e as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os jovens ficaram em quarentena por sete dias antes do embarque. O período de reclusão teve início na última segunda-feira e termina nesta segunda (29). Lá, eles fizeram testes rápidos para testagem de covid-19 (Antígeno e PCR) no saguão do hotel. Depois dos resultados dos exames, eles foram isolados em quartos separados por sete dias, sem contato com ninguém.


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