Giovanna Machado: O descompassado aumento do frete marítimo

A covid-19 causou enormes restrições ao comércio na cadeia de abastecimento global

Por: Giovanna Machado  -  20/07/21  -  15:46
 Giovanna Machado: O descompassado aumento do frete marítimo
Giovanna Machado: O descompassado aumento do frete marítimo   Foto: .

O comércio mundial de mercadorias encontra-se em uma situação complexa, vivenciando um período de insuficiência de contêineres e rápido aumento do preço do frete internacional. Há quase dois anos, é possível notar a carência de contêineres no mercado, que se agravou com o desenvolvimento da pandemia.


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A covid-19 causou enormes restrições ao comércio na cadeia de abastecimento global. A lentidão dos terminais ocasionou ineficiência ao longo das conexões intermodais, fazendo com que as viagens ficassem até 20% mais longas, e assim, retardando o reposicionamento de contêineres vazios.


Há um grande número de navios nas filas de atracação e operação nos portos ao redor do mundo. Embora sejam atividades consideradas habituais e essenciais, as operações portuárias em todo o mundo são, em muitos casos, impactadas também com a falta de funcionários em operação, aumentando o tempo de operação nos navios.


O ponto culminante para o aumento descompassado do frete marítimo foi a disseminação do vírus da Covid-19 da China para os outros países. No país asiático, o governo adotou medidas severas de bloqueio para conter o avanço da propagação do vírus, afetando demasiadamente as atividades econômicas ao redor do mundo. Como resultado, devido à forte redução da produção, muitos contêineres ficaram parados nos portos asiáticos. Dada a baixa produção e pedidos enfraquecidos de outras partes do mundo, não havia nada para exportar. Tudo isso em conjunto levou à estagnação de todo o comércio internacional, pois a China é o maior player do mercado em termos de volume.


No início, considerando que compradores e vendedores estavam efetivamente parados, essa situação levou a uma queda na demanda de transporte. As estratégias adotadas pelos países para combater a pandemia não foram similares. Cada país estabeleceu o que considerava a forma mais eficaz de equilibrar os setores econômicos. Isso, evidentemente, causou discrepâncias no aumento de casos, com países tendo quarentena de alguns meses e outros ainda enfrentando aumentos expressivos de casos.


Em meados de 2020, a China retomou quase completamente a atividade econômica. Conforme a produção do país aumentava, o número de contêineres disponíveis foi rapidamente preenchido e enviado para outros países, que se encontravam em um ritmo econômico completamente diferente, tornando-se impossível de continuar este ciclo internacional de compras e vendas. Em síntese, os países findaram o isolamento em momentos diferentes e promoveram a recuperação econômica global de maneira não linear.


A pandemia reduziu totalmente o tráfego internacional de pessoas, e fez com que muitos países fechassem suas fronteiras e suspendessem voos. Ao contrário do transporte marítimo, que conta com navios exclusivamente cargueiros.


É inegável que estamos enfrentando um período desafiador na logística internacional e não há sinais de melhoria no curto prazo. Além dos preços exorbitantes, não há garantia de embarque do produto, gerando caos e preocupação em toda a cadeia de produção. Avaliando as exportações de commodities, a apreensão aumenta com a chegada do segundo semestre para alguns produtos, haja vista que teremos o pico de exportação de produtos agrícolas em breve.


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