Exportação de café pelo Porto de Santos recua 3,4%
O motivo são os problemas logísticos enfrentados no mundo todo
Mais de 20,4 milhões de sacas de 60 quilos de café foram embarcadas no Porto de Santos com destino ao mercado internacional entre janeiro e agosto. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de 3,4% nos embarques. O cais santista, que antes respondia por 78,9% das remessas da commodity, agora é responsável por 77,6% do total escoado no País. Mas, apesar do volume expressivo, as exportações brasileiras do produto registraram queda de 25% na movimentação no mês passado, somando 2,6 milhões de sacas. O motivo são os problemas logísticos enfrentados no mundo todo.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), 3,5 milhões de sacas deixaram de ser exportadas pelo País entre maio e agosto. Considerando os preços médios dos embarques, equivale a uma perda de aproximadamente US$ 500 milhões em receitas.
Gargalos logísticos
De acordo com o presidente da entidade, Nicolas Rueda, a reviravolta no desempenho das exportações brasileiras de café, que eram positivas até o acumulado de julho, reflete a continuidade dos gargalos logísticos no transporte marítimo. Segundo ele, trata-se de um problema estrutural que extrapola as fronteiras do Brasil e do produto.
“Essa grave crise operacional gerou disparada no valor dos fretes, constantes cancelamentos de bookings – espaço dos contentores nos navios –, dificuldade para novos agendamentos e disputa por contêineres e lugares nos navios”, explica o executivo.
O problema vem sendo enfrentado em todo o mundo e não tem uma solução prevista em curto período. Com o início da pandemia e o fechamento de alguns terminais portuários, principalmente na Ásia, houve um desbalanço de contêineres. O problema ainda se agravou com a interdição do Canal de Suez, no Egito, por seis dias após o encalhe de uma embarcação.
Menos caixas metálicas
Entre janeiro e agosto, houve queda na utilização de caixas metálicas para o transporte do café brasileiro. Enquanto nos oito primeiros meses de 2020, foram utilizados 74.089 TEU (unidade equivalente a um cofre de 20 pés), no mesmo período deste ano, foram 73.811 TEU.
Rueda aponta que, com o avanço da vacinação e a reabertura das principais economias globais, especialmente Estados Unidos e Europa, houve um aumento da demanda por alimentos, bens e serviços, com a busca de embarcações, provenientes principalmente da China e de outros países da Ásia, para essas regiões. “Isso gerou desbalanço global na oferta e demanda de navios e contêineres, havendo fila de embarcações e muitos equipamentos, como os contentores, aguardando sua vez. Ou seja, há maior demanda e a infraestrutura não é reativa de imediato, assim os portos se encontram com a capacidade estrangulada”.
Destinos
De janeiro a agosto, os Estados Unidos foram os principais compradores do café brasileiro. Os norte-americanos adquiriram 4,994 milhões de sacas, o que implicou crescimento de 1,1% na comparação com o mesmo intervalo no ano passado. Esse volume representou 19% das exportações totais do Brasil.
A Alemanha, com 17,4% do total, importou 4,589 milhões de sacas, alta de +1,5%, e ocupou o segundo lugar. Na sequência, vieram Bélgica, com 1,841 milhão de sacas, queda de 6,3%; Itália, com 1,829 milhão, redução de 10,9%; e Japão, com a aquisição de 1,562 milhão de sacas, alta de 14,1%.