Em negociação bilionária, Rumo vende 80% de sua participação em terminais do Porto de Santos

Negociação com a CLI foi selada na sexta-feira (15), com a assinatura do contrato

Por: Ágata Luz  -  16/07/22  -  18:08
A venda representa uma “estratégia de formação de parcerias de longo prazo e de foco na logística ferroviária
A venda representa uma “estratégia de formação de parcerias de longo prazo e de foco na logística ferroviária   Foto: Matheus Tagé/AT

Em uma negociação bilionária, a Rumo vendeu 80% de sua participação em dois dos maiores terminais de grãos e açúcar do Porto de Santos para a empresa Corredor Logística e Infraestrutura (CLI). O contrato foi assinado na sexta-feira, pelo valor de R$ 1,4 bilhão.


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De acordo com a Rumo, a venda representa uma “estratégia de formação de parcerias de longo prazo e de foco na logística ferroviária”. Agora, a CLI passará a operar, em parceria com a Rumo, a Elevações Portuárias S/A (EPSA), empresa responsável pelos terminais 16 e 19 do complexo portuário santista.


Será viabilizado um investimento no terminal em torno de R$ 600 milhões para próximos anos, de forma a possibilitar um crescimento de mais de 20% em relação ao volume de grãos movimentado atualmente. A parceria não envolve os outros terminais que têm a Rumo como sócia no porto santista: TXXXIX, Terminal Marítimo do Guarujá (Termag) e Terminal de Granéis do Guarujá (TGG).


Aumento de capital

A negociação que resultou na aquisição do controle dos terminais pela CLI - cujo controle acionário é da IG4 Capital - surgiu a partir de um aumento de capital de mais de R$ 500 milhões da companhia, viabilizado por um fundo australiano de infraestrutura, o Macquarie Infrastructure Partners V (MIP V), voltado a ativos do setor nas Américas e ligado ao banco australiano Macquarie.


Com isso, IG4 e MIP V irão compartilhar o controle da CLI e, no caso do porto santista, terão 80% das ações da EPSA, com os 20% restantes permanecendo com a Rumo. Para ser sacramentada, a operação depende de aprovações da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


Expectativa

A CLI é uma das quatro operadoras do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) e atua como operadora independente, chamada de bandeira branca. Segundo o CEO da CLI, Hélcio Tokeshi, “somos 100% bandeira branca e 100% controladores do nosso terminal no Tegram, que opera em consórcio com 25% das operações. O serviço que é sucesso no Itaqui vai ser prestado aos clientes em Santos”.


De acordo com o diretor-executivo do Macquarie e responsável por investimentos em infraestrutura no Brasil, Fernando Lohmann, além da atuação neste setor, o banco tem “longa exposição ao agronegócio brasileiro”. Desta forma, a parceria com a IG4 e a Rumo é um “passo natural para fortalecer essa conexão entre infraestrutura e agricultura”.


Devido à parceria com a Rumo e a sociedade com Macquarie, a CLI passa a ser o maior operador independente de infraestrutura e logística portuária para o agronegócio no País, segundo o cofundador e CEO da IG4 Capital, Paulo Mattos. “Estamos muito confiantes em poder ampliar a atuação da CLI como uma plataforma de infraestrutura no setor e participar de uma gestão tão robusta e estratégica em parceria com a Rumo, no maior complexo portuário do país".


O vice-presidente Comercial da Rumo, Pedro Palma, cita as obras de conclusão da Ferrovia Norte-Sul, a construção da primeira ferrovia estadual de Mato Grosso e os investimentos em melhorias em Santos como parte da “estratégia de expansão de uma logística ferroviária competitiva para o agronegócio”.


Segundo Palma, a Rumo já possui três dos quatro terminais em operação na Malha Central que pertencem a empresas parceiras. “É esse formato bem-sucedido que estamos replicando, agora em Santos, com a CLI“, explica.


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