De quem é a responsabilidade social?

Sem o lucro, dificilmente iremos gerar empregos, oportunidades e novos investimentos

Por: Maxwell Rodrigues  -  31/10/21  -  08:48
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Com uma agenda de privatização dos portos no Brasil, principalmente o de Santos, todos os ajustes das operações e dos negócios pelos entes privados estarão acomodados com foco naquilo que é interesse do negócio: Agilidade, excelência no atendimento e lucro.


É claro que não podemos demonizar o lucro e isso é realmente importante para o desenvolvimento. Sem o lucro, dificilmente iremos gerar empregos, oportunidades e novos investimentos. Essa equação é bem conhecida por todos os envolvidos.


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Mas existe um lado dessa equação que muitos ainda não olharam e nem ao menos está sendo pensado ou planejado. De quem será a responsabilidade social pós privatização?


Vejamos: se os portos estão inseridos dentro da cidade e suas operações afetam a vida do cidadão, é preciso achar uma maneira que o setor portuário devolva para a sociedade benefícios por ali estar instalado. Diante disso, a função social portuária é importantíssima. Isso é o que chamamos de relação porto x cidade.


Com a privatização dos portos, é evidente que mais empregos serão gerados, investimentos serão feitos e teremos o foco no desenvolvimento, de acordo com aquilo que gera resultado. Isso é totalmente legítimo.


Mas e aquelas cargas que não geram resultado e lucro esperado aos que já estão instalados nos portos? E as outras operações que são movimentos sociais e ajudam no desenvolvimento regional e nacional?


Se iremos privatizar, o foco é o resultado da operação portuária, mas existem operações que são estratégicas e com função social. Por exemplo, cargas que precisam utilizar um berço publico por não ser de interesse de certos operadores, mas que são importantes para a indústria nacional e regional. Outro exemplo são os cruzeiros também. Os cruzeiros no porto de Santos pós privatização irão desaparecer?


Se as demais operações de cargas são mais interessantes do que a operação de cruzeiros, podemos acompanhar o fim dessa atividade na nossa região?


Santos, por ser um grande hub de navios de cruzeiros, pode afetar a operação nacional caso toda a estrutura do nosso porto não esteja acomodada para isso pós privatização. Isso está correto?


É claro que não, pois essa atividade gera outras oportunidades para a cidade e para o País, além do lucro na operação portuária. Gera desenvolvimento e empregos em outras esferas da cadeia logística e não somente na operação portuária.


Muitos especialistas estão preocupados em como será a operação de cruzeiros pós privatização no Porto de Santos. Alguns dizem que a operação irá acabar, outros que o terminal de passageiros mudará de lugar e outros ainda nem entenderam o que está acontecendo. O certo mesmo é que a temporada 2021 / 2022 irá ajudar economicamente a região e irá gerar empregos, principalmente nesse momento tão crítico pós pandemia.


Quanto às próximas temporadas, teremos de aguardar o desfecho da privatização ou concessão do Porto de Santos para sabermos se o vencedor desse pleito irá cuidar das funções sociais do Porto de Santos ou não.


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