Custos desafiam recuperação de operadores logísticos no País, como em Santos
Estudo releva aumento no faturamento das empresas em 2021, mas um crescimento preocupante dos gastos
Custo cada vez mais elevado do combustível, gastos crescentes com o transporte rodoviário e aumento de tarifas de serviços como água e luz. Estes são, no momento, os principais entraves dos operadores logísticos brasileiros na luta pela recuperação econômica. Em 2021, 82% das empresas do setor registraram aumento na receita bruta em comparação a 2020, mas só 58% delas tiveram expansão na margem de lucro.
Essa foi uma das constatações divulgadas pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), na quarta-feira, durante a apresentação do Perfil do Operador Logístico. O estudo foi encomendado pela entidade ao Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).
De acordo com a pesquisa, que teve a participação de mil empresas, as despesas operacionais representaram, em média, 74% da receita bruta dos operadores logísticos de pequeno, médio e grande porte – que foi de R$ 166 bilhões em 2021.
Diante deste cenário, o estudo também mostra que os operadores logísticos passaram a incrementar investimentos nas empresas na tentativa de driblar os entraves.Ao todo, 59% dos operadores brasileiros aumentaram os investimentos em infraestrutura (Capex), que correspondem a 11% da receita bruta.
“Os operadores logísticos de maior porte investiram um pouco mais proporcionalmente sobre sua receita bruta, 13%”, ressalta a sócia-gerente do Ilos, Beatris Huber.
A diretora-executiva da Abol, Marcella Cunha, justifica esse índice (13%) pela complexidade das demandas dos clientes. Em linhas gerais, os operadores logísticos de todos os portes destinam a maior parte das verbas à modernização das instalações e infraestrutura e softwares. Outro foco é a aquisição de máquinas e equipamentos.
Além disso, o estudo apontou que uma das principais estratégias das empresas de menor porte passa pela redução de custos. Já as médias e grandes buscam ganhar mercado e melhorar serviços, respectivamente.
MelhoriasPara os operadores logísticos que participaram da pesquisa, as maiores demandas do setor em relação à atuação do Governo Federal recaem sobre carga tributária, mais segurança e melhoria de infraestrutura, com foco nas rodoviárias e acessos aos centros urbanos. Além disso, as empresas se mostram atentas ao Projeto de Lei 3.757/2020, que visa regulamentar a função de operador logístico.
Em relação ao setor portuário, a diretora-executiva da Abol citou que o Porto de Santos ainda precisa de melhorias no acesso e na administração, apesar de já apresentar importantes aperfeiçoamentos nos últimos anos.
“Como é o (porto) preferencial, ele acaba ficando um pouco estrangulado em alguns momentos”.
De acordo com ela, a associação defende uma distribuição “mais justa” das cargas e do fluxo logístico, privilegiando também os demais portos brasileiros.
Resultados gerais
Marcado pelo crescimento dos operadores logísticos, com 391 milhões de toneladas transportadas, o resultado de 2021 também aponta um aumento da atuação em diferentes regiões do País, em especial nos últimos dois anos, com as principais atividades no transporte rodoviário fechado, armazém geral e crossdocking.
Segundo o estudo, o setor gerou cerca de dois milhões de empregos diretos e indiretos no ano passado e houve crescimento no atendimento a segmentos com relação a 2020, com aumento de 12% na área de cosméticos, 16% no comércio eletrônico, 14% em produtos de limpeza e 12% na tecnologia industrial e serviços. Além disso, passou a atender um número maior de clientes em segmentos variados, como o do e-commerce.