Voto em candidatos da Baixada Santista é desafio para partidos políticos em 2022

Legendas terão trabalho para manter ou até mesmo ampliar a influência da região na Câmara Federal e Alesp

Por: Sandro Thadeu  -  23/05/21  -  10:52
Atualizado em 23/05/21 - 10:53
  Foto: Pixabay

Os dirigentes de partidos políticos da Baixada Santista e os futuros candidatos à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) precisam fazer a lição de casa para convencer os eleitores a votar em nomes locais no ano que vem.


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Pela lógica dos números, a região, que representa 4% dos eleitores de São Paulo, ou seja, 1,272 milhão de votantes, deveria ter esse mesmo percentual de cadeiras no Parlamento, mas nem sempre é assim. Em Brasília, a Baixada Santista poderia contar com três nomes, mas tem hoje apenas dois: Júnior Bozzella (PSL) e Rosana Valle (PSB).


Na Alesp, a Baixada Santista precisaria ficar, em tese, com quatro assentos, mas possui cinco: Caio França (PSB), Paulo Corrêa Júnior (DEM), Professor Kenny (PP), Tenente Coimbra (PSL) e Wellington Moura (Republicanos).


Fatores

O cientista político e coordenador do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT), Alcindo Gonçalves, explicou que, historicamente, essa “meta” é alcançada e dificilmente acaba superada. “De maneira geral, a maioria da população vota nos candidatos locais, mas isso diminui conforme você se afasta do centro da região. A influência de candidatos de fora é muito grande”.


Por outro lado, o especialista apontou que, além da territorialidade, fatores ideológicos, corporativos e religiosos pesam na definição do voto ao parlamento.

A coordenadora do curso de Ciências Sociais da Unimes, Syntia Pereira Alves, explica que a região tem uma importância econômica para o País e é mais populosa do que 14 capitais brasileiras. Esses fatores expõem uma maior necessidade de representação.


“Porém, vejo dois problemas nesse sentido: uma seria a dificuldade dos eleitores locais em valorizar seus representantes. A outra, um interesse de partidos políticos em apresentarem candidaturas da região”.

A docente citou que a centralização de votos nas mesmas agremiações prejudica a alternância do poder. “Além de haver pouca oposição, ela não é pensada para haver polarização política, mas para que haja um debate, discussão entre ideias e vigilância interna”.


Dicas valiosas

O cientista político Sérgio Trombelli entende que a Baixada Santista tem condição de ampliar a representatividade nos parlamentos. Na avaliação dele, o melhor perfil de um candidato é uma boa história de ação comunitária aliada a propostas. “Se o concorrente puder apresentar esta história de ação comunitária, uma boa equipe de marketing cria a campanha com propostas de futuro de interesse regional e aí as possibilidades aumentariam”.


A proximidade com a Capital faz com que candidatos renomados busquem votos na região. Por esse motivo, é preciso que os partidos escolham bem os quadros. “Se, na nossa região, tivermos candidatos com autoridade suficiente para mostrar que são capazes de defender nossos interesses, será fácil. Se só houver paraquedistas políticos, complica”.


Partidos discutem nomes e analisam estratégias

Muitos partidos ainda não têm claro quem são os possíveis candidatos da Baixada Santista à Alesp e à Câmara dos Deputados em 2022. O limite para filiações é 2 de abril de 2022 - seis meses antes do pleito.




No caso do PSDB, o ex-prefeito de Itanhaém, Marco Aurélio Gomes, deverá tentar uma vaga na Alesp. Após chegar no 2º turno das eleições de São Vicente, a jornalista Solange Freitas também deve disputar um cargo. O ex-prefeito de Praia Grande Alberto Mourão pretende participar da eleição de alguma forma e não descarta deixar o ninho tucano.


Prefeito de Santos entre 2013 e 2020, Paulo Alexandre Barbosa também é sondado por outras siglas e ainda não sabe de que forma participará do pleito.


O coordenador do PT na região, Alfredo Martins, disse que o partido lançará nomes e alguns já se colocaram à disposição, como a ex-prefeita de Cubatão Marcia Rosa e os vereadores Edilson Dias (Guarujá), Chico Nogueira e Telma de Souza (ambos de Santos).


Também estão na lista nomes que concorreram ao Executivo em 2020: Analia Silva (São Vicente), Douglas Martins (Santos) e Paula Ravanelli (Cubatão).

Segundo o coordenador regional do PL, Odair Gonzalez, os potenciais candidatos da sigla são os vereadores santistas Lincoln Reis e Sérgio Santana e duas mulheres que tentaram ser prefeitos em 2020: Janaina Ballaris (Praia Grande) e Lucília Goulart (Bertioga).


O MDB deverá apostar no ex-vereador de Santos Antonio Carlos Banha Joaquim. Já o presidente do PCdoB em Santos, Thiago Andrade, fala no sindicalista Miro Machado, na presidente do Centro dos Estudantes de Santos, Aline Cabral, e a ex-presidente da União Nacional dos Estudantes Carina Vitral.


O coordenador regional do PTB, Marcel Farias, explicou que é pré-candidato a deputado estadual. No PSOL, Guilherme Prado e Fábio Mello são os nomes mais consolidados e a vereadora santista Débora Camilo (PSOL) também é opção.


Segundo colocado nas eleições de Praia Grande em 2020, Danilo Morgado (PSL) está na mira de outras legendas e pode sair candidato a deputado federal. O ex-presidente do Tribunal de Justiça Ivan Sartori (PSD), 2º mais votado para prefeito de Santos, também é cortejado por partidos.


Outsiders não devem ter vida fácil em 2022

As eleições de 2018 ficaram marcadas pela chegada ao poder de muitos candidatos sem experiência na política e que se apresentavam como antissistema - os chamados outsiders. Para especialistas consultados por A Tribuna, é provável que esse fenômeno não se repita de forma intensa em 2022.


A coordenadora do curso de Ciências Sociais da Unimes, Syntia Pereira Alves, entende que o pleito de 2022 terá um maior equilíbrio entre os candidatos tradicionais e os chamados outsiders.


Para ela, os fatos registrados nos últimos dois anos e os episódios relacionados à pandemia estão impactando a política. “Muitos se arrependeram do voto em um nome desconhecido, enquanto outras pessoas mantêm sua posição de cansaço com a política tradicional”.


Conforme o cientista político Sérgio Trombelli, muitos outsiders têm se comprovado inaptos para o cargo, como o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC). Eleito governador do Rio, o ex-magistrado tornou-se, em abril, o primeiro chefe do Executivo estadual cassado em um processo de impeachment na história da República.


“Uma boa história de vida pode fazer surgir um político novo, mas votar pela novidade não tem se comprovado uma conduta adequada. Desta forma, um outsider tem chances de surpreender, mas apresenta riscos de nos surpreender depois”, explicou o cientista político.


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