Misto de vaias e aplausos: Jair Bolsonaro tenta capitalizar título do Brasil no Maracanã

Presidente tentou fazer da final da Copa América neste domingo (7) um teste de popularidade do seu governo

Por: Do Estadão Conteúdo  -  08/07/19  -  12:55
Atualizado em 08/07/19 - 13:03
Presidente tentou fazer da final da Copa América neste domingo (7) um teste de popularidade
Presidente tentou fazer da final da Copa América neste domingo (7) um teste de popularidade   Foto: Carl de Souza/AFP

O presidente Jair Bolsonaro tentou fazer da final da Copa América neste domingo, 7, no Maracanã, um teste de popularidade do seu governo. Após a vitória do Brasil sobre o Peru (3 a 1), Bolsonaro participou da premiação das seleções e atletas no gramado do estádio. Recebeu um misto de vaias e apoios ao adentrar e sair do campo.


A agenda no Maracanã foi mais um episódio em que o presidente brasileiro buscou vincular seu governo a um apoio popular. Bolsonaro havia dito que pretendia ir ao gramado acompanhado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, após ser questionado sobre mensagens atribuídas ao ex-juiz e a procuradores da Lava Jato divulgadas pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil. "O povo vai dizer se nós estamos certos ou não", afirmou Bolsonaro na sexta-feira passada.

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente viajou na tarde do domingo para o Rio com uma comitiva bem maior: nove ministros no total - além de Moro, estava entre eles o titular da Economia, Paulo Guedes. Também estavam lá dois dos seus filhos e deputados aliados. 

Havia a expectativa de que Bolsonaro entregasse a taça de campeão ao capitão brasileiro, o lateral Daniel Alves, mas o presidente participou somente da entrega de medalhas. Ele, porém, se integrou aos jogadores e membros da comissão técnica e tirou foto com o troféu nas mãos. Alguns jogadores e membros da delegação fizeram um coro de "mito", como os mais fiéis seguidores de Bolsonaro costumam se referir a ele. Depois, a comitiva presidencial foi vaiada quando caminhou pelo gramado rumo ao túnel de saída. 

Durante a premiação, Bolsonaro cumprimentou os jogadores da seleção brasileira, e a torcida não reagiu - os aplausos surgiam a cada atleta anunciado, e, aparentemente, não se referiam ao presidente nem aos ministros e parlamentares.

Ao longo do jogo, também não houve reação da plateia a Bolsonaro e sua comitiva. Os políticos chegaram quando a cerimônia de encerramento da competição, realizada antes da partida, já havia começado. As redes sociais do presidente publicaram vídeos e fotos. Em um deles, Bolsonaro comemora um dos gols da seleção e levanta o braço de Moro. 

Alvo de uma série de reportagens sobre mensagens atribuídas a ele e procuradores da Lava Jato, o ministro da Justiça já havia acompanhado o presidente no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para ver CSA x Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. 

'Interferência'

Sem a companhia de Moro, Bolsonaro esteve na semana passada no Mineirão, onde assistiu à semifinal entre Brasil e Argentina, vencida pela equipe brasileira por 2 a 0. Antes da partida, o presidente se reuniu com Neymar, que havia sido cortado da seleção por lesão.

Bolsonaro deixou a área reservada à sua comitiva e desceu ao gramado do estádio. O presidente passou perto da arquibancada, pegou uma bandeira entregue por torcedores, a agitou e depois a devolveu. O Mineirão se dividiu entre vaias e aplausos, e Bolsonaro disse que as vaias eram dirigidas à seleção da Argentina, que havia voltado ao campo. 

Após a semifinal, a Federação de Futebol da Argentina (AFA) formalizou uma reclamação à Conmebol, entidade organizadora da Copa América, em que classificou a passagem de Bolsonaro pelo gramado como uma "interferência política". A entidade, no entanto, considerou normal a atitude do presidente.

Neste domingo havia também a expectativa de que ele repetisse a atitude na partida semifinal e entrasse no gramado durante o intervalo, o que não ocorreu. 

Antes, quando comemorou o primeiro gol do Brasil, o presidente sofreu um escorregão ao levantar da poltrona em que estava, mas não chegou a cair. 


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