Prefeito de Guarujá pede para esposa parar de comprar roupas em loja onde gastou R$ 1,5 milhão
Investigações da PF apontam que casal gastou mais de R$ 2,7 milhões em roupas e joias nos últimos dois anos
Atualizado em 01/04/22 - 12:45
A investigação da Polícia Federal sobre a Operação Nácar, que tem como principal alvo o prefeito afastado de Guarujá Válter Suman (PSDB), e sua esposa, Edna Suman, aponta que o casal gastou mais de R$ 2,7 milhões em roupas e joias nos últimos dois anos.
Segundo a PF, o então prefeito e a primeira-dama eram chefes de uma organização criminosa que "atuava e ainda atua" na Prefeitura de Guarujá para desviar dinheiro, fraudando contratações públicas.
A PF também observou os gastos do prefeito e da primeira-dama nos últimos dois anos. Conforme planilha e extratos de declarações que acompanham o inquérito, o casal gastou mais de R$ 1,579 milhão em apenas uma loja de roupas e R$ 1,128 milhão em duas lojas de joias.
Além disso, em período recente, o casal comprou dois apartamentos em Campos do Jordão (SP), com valor aproximado de R$ 700 mil. Num deles, gastou R$ 300 mil em reformas.
Conversas
Conversas em aplicativos nos celulares apreendidos pela Polícia Federal mostram mensagens trocadas entre Válter, Edna Suman e Marcelo Nicolau — o ex-secretário que recolheria a propina em nome do prefeito e da primeira-dama. Segundo a PF, Nicolau chamava o casal de “rei e rainha”.
Em uma das conversas, o inquérito mostra troca de mensagens entre Edna e Nicolau. Ela teria mandado o ex-secretário receber valores de Almir Matias. Na mensagem, Edna diz: “O Válter pediu para você ir pegar com o Almir 50, e de lá a gente vai embora”.
Edna ainda pede para Nicolau acertar os valores com a empresa Monte Azul, também investigada por fraude em contratações. “Marcelo, perguntei ao Válter o valor da Monte Azul, disse que não tratou valor, que iria acertar com você”. Segundo a PF, essa empresa teria vários contratos com a Secretaria de Educação, em valores que superam R$ 20 milhões.
A investigação destaca um trecho em que Suman diz à mulher para tomar cuidado para falar com Almir, porque ele estaria sendo monitorado pelo Ministério Público.
Em outro trecho, Suman pede para a esposa não fazer compras no cartão de crédito. “Edna, evite fazer compras desses valores, estão sendo monitorados os gastos, ainda mais em lojas de grife. Pague em dinheiro.”
Desdobramentos
A PF pediu a prisão preventiva de Suman, Edna, Marcelo Nicolau e mais cinco investigados, mas a Justiça negou. O desembargador federal Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), optou por outras medidas cautelares, determinando o afastamento do prefeito do cargo, conforme A Tribuna publicou na quarta-feira (30), e o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de entrarem na Prefeitura e de se comunicarem uns com os outros, exceto no caso de familiares, como Suman e Edna.
