Polícia salva homem de execução na Favela Pantanal, em Santos
Vítima, de 33 anos, foi encontrado em um cativeiro localizado em um barraco da comunidade, utilizado por facção criminosa
Policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) salvaram um homem que estava na iminência de ser executado por marginais durante sessão de tribunal do crime, na Favela Pantanal, em Santos.
A libertação da vítima, que tem 33 anos, aconteceu por volta das 10h de quarta-feira (19), durante operação deflagrada pela Polícia Civil na região. O cativeiro onde o homem estava é um barraco sem numeração situado em uma viela da Rua Cananéia. O local é utilizado por criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) como depósito de drogas e tribunal da facção.
“Quando chegamos ao barraco, nos deparamos com um adolescente de 15 anos espetando a vítima com a ponta de uma faca. O homem estava amarrado com fios e bastante ferido. Era só questão de tempo para ele ser eliminado”, relatou o investigador Lival Feijó.
No imóvel, foram apreendidos um tonel de 25 litros e 28 frasquinhos contendo lança-perfume, 319 cápsulas de cocaína, 68 filetes de maconha, balança, rádio de comunicação, sete folhas com anotações sobre a venda de drogas e 47 munições de diversos calibres (7.65, 357, 38, .40 e 380). Sob o comando do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e do chefe dos investigadores Paulo Carvalhal, Feijó e o policial Sílvio Vassão já realizavam diligências para descobrir a localização do barraco.
Infrator é enteado
O adolescente é enteado da vítima e ligado ao crime organizado, mas disse aos policiais que ele, sozinho, amarrou o padrasto e o levou ao barraco durante a madrugada.
O menor infrator justificou que o padrasto é usuário de drogas e estava “causando” em casa e na comunidade. A equipe da DIG apurou que, de fato, a vítima estava desagradando criminosos da favela, por causar tumultos sob efeito de entorpecentes.
Porém, a versão de que o adolescente agiu sozinho está descartada. Há informações de que, pelo menos, oito homens renderam a vítima e a levaram ao cativeiro, incumbindo o enteado de vigiá-la até o momento do assassinato.
Em razão da gravidade dos crimes (tentativa de homicídio, cárcere privado, tráfico de drogas, posse ilegal de munições e organização criminosa), o delegado Leonardo José Piccirillo determinou a remoção do adolescente à carceragem do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI).
Conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a mais severa medida socioeducativa que poderá ser imposta ao enteado da vítima é a internação pelo período de até três anos. As investigações prosseguem para identificar e prender os demais envolvidos no tribunal da facção.
O adolescente foi ouvido na DIG na presença de sua mãe, companheira do homem libertado. Com medo de sofrer represálias, após as formalidades de praxe na delegacia, a vítima seguiu direto até a Rodoviária, escoltada por policiais, e embarcou em um ônibus apenas com a roupa do corpo. Por razões óbvias de segurança, o destino da viagem não foi revelado.