Polícia resgata homem em São Vicente horas antes de execução do Tribunal do Crime

Denúncia via rede social ajudou na prisão de três criminosos nesta quarta-feira (26), no bairro Catiapoã

Por: Natalia Cuqui  -  27/01/22  -  07:37
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xxxxxx   Foto: Arquivo AT/Reprodução

Equipes da 2ª Companhia da Polícia Militar de São Vicente prenderam, nesta quarta-feira (26), três pessoas envolvidas em um sequestro de um homem. Uma ligação do Paraná avisou os agentes sobre um indivíduo que estaria em cárcere privado na Rua Engenheiro Ramon Azurza, no bairro Catiapoã.


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Os policiais foram ao local e conseguiram entrar em uma casa vizinha ao endereço fornecido na denúncia. Durante uma conversa com vizinhos, a equipe ouviu um pedido de socorro e um rapaz apareceu na casa, que funcionava como cativeiro.


Segundo a PM, a vítima do sequestro tinha uma dívida com o tráfico que não podia pagar. Por conta disso, ela havia sido sequestrada e seria 'julgada' nesta quarta. Dois criminosos foram presos e um deles revelou a participação de uma terceira pessoa no crime que também foi presa, identificado pela polícia como procurado pela Justiça e que aparecia no cárcere de madrugada. Ele seria o responsável pelo julgamento da vítima e o levaria até Cubatão, onde seria executado.


Página policial do Paraná recebeu a denúncia.
Página policial do Paraná recebeu a denúncia.   Foto: Arquivo Pessoal/João Carlos Frigério

Quem ligou para a polícia foi o fotógrafo e cinegrafista João Carlos Frigério, 41 anos, criador da página Plantão 190 no Facebook e Instagram, onde compartilha notícias policiais. Em conversa com a reportagem de A Tribuna, Frigério explica que costuma receber denúncias, mas que geralmente elas são de dentro do estado do Paraná, onde ele vive. Ele ressaltou que 95% do público da sua página também é paranaense e se surpreendeu com a mensagem do litoral de São Paulo.


"Eu recebi a denúncia pelo Instagram. Todo dia a gente recebe denúncia, mas geralmente vem de Curitiba, difícil vir de fora do Estado. Essa me chamou a atenção, porque a pessoa me passou o endereço e só escreveu a palavra 'sequestro'. Decidi ligar lá na 2ª Companhia de São Vicente e expliquei a situação, falei que podia ser um trote mas que achei estranho, então pedi para verificarem. Eles chegaram lá e era um cativeiro do tribunal do crime, tinha um refém que seria assassinado".


João Carlos, que trabalha há 15 anos na cobertura policial, contou que nunca tinha recebido uma mensagem desse tipo em sua página nas redes sociais, que deixa claro que é um portal de notícias. Ele reforça que o caso é um exemplo da importância das pessoas terem coragem de denunciar.


"Acho que viram nossa página, Plantão 190, achando que pudesse ser da polícia. Achei muito estranho essa denúncia, nunca tinha recebido nada parecido. Trabalho há 15 anos na área policial e nunca tinha recebido algo assim. Vou ser sincero, me surpreendeu. Independentemente de quem era a pessoa que estava sendo mantida refém, se era criminoso, é uma vida que foi salva graças à denúncia anônima. Fiquei bem feliz de saber desse resultado final positivo".


A mensagem chegou até o Plantão 190 por meio do Facebook, que redirecionou para o Instagram. Por ter sido de um perfil recém-criado, Frigério não acha que a mensagem tenha partido da vítima. "Acho que era algum morador da região que sabia e não era conivente com esse tipo de coisa. Como ele chegou até nós, eu não tenho ideia. Mas o importante é que denunciou. Até pensei 'imagina se eu ignoro essa mensagem', o cara poderia ter morrido".


"Tem dias que a gente trabalha muito, tragédia todo dia, muita notícia ruim que a gente tem que dar, inúmeros crimes. Falo pra você, no dia que a gente consegue lidar com uma coisa diferente e que dá um final feliz, um resultado positivo pra sociedade, eu acho que a gente fez nosso papel. Nós, como imprensa, não podemos apenas noticiar, a gente tem que tentar fazer nosso papel de ajudar a sociedade. Não tem preço, isso compensa todas as outras notícias ruins que nós damos, saber que a gente fez parte de um negócio que teve um final feliz", finaliza.


O caso foi apresentado no 1º DP de São Vicente como sequestro, ameaça, cárcere privado e associação criminosa.


Caso foi registrado na Delegacia de São Vicente.
Caso foi registrado na Delegacia de São Vicente.   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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