PM envolvido em tiroteio que matou policial civil no litoral de SP relembra confusão: 'Agonizante'

Eduardo Brazolin foi baleado e não resistiu após tentar intervir em uma ocorrência que seria apresentada na delegacia

Por: Daniel Gois  -  25/05/22  -  07:19
Atualizado em 26/05/22 - 17:11
Eduardo Brazolin (esquerda) morreu em troca de tiros na frente de delegacia no litoral de SP
Eduardo Brazolin (esquerda) morreu em troca de tiros na frente de delegacia no litoral de SP   Foto: Reprodução/TV Tribuna e Alexsander Ferraz/AT

Quase três meses após uma troca de tiros que terminou com a morte do policial civil Eduardo Antônio Brazolin, de 64 anos, em frente à Delegacia Sede de Guarujá, um dos policiais militares que estavam na ocorrência quebrou o silêncio. Ele relembrou a discussão ocorrida entre os agentes e lamentou que ela tenha terminado dessa forma.


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Durante entrevista para A Tribuna, o policial militar de 35 anos , que pediu para não ter o nome divulgado, reforçou a versão de que o policial civil chegou exaltado à delegacia e exigiu que um homem, detido dentro da viatura da PM, fosse liberado. A ocorrência ainda seria apresentada.


O PM afirma que Brazolin xingou e ameaçou os agentes. "Na hora de imobilizarmos, ele sacou a arma, sem falar nada, e efetuou os disparos", recorda. No momento da discussão, um dos filhos do policial civil também estava presente.


Os disparos feitos pelo policial civil atingiram um PM no ombro e outro agente ficou ferido na região do olho, pela zona de chamuscamento. Conforme relatado em boletim de ocorrência, um policial militar revidou a agressão com um disparo, que atingiu Brazolin.


"Foi algo totalmente agonizante na hora. Um (PM) pensou que tinha sido atingido, um outro foi atingido e, se não houvesse a resposta rápida do oficial, teria acontecido algo muito maior. Só por causa dessa resposta rápida, podemos falar que estamos vivos", comenta o policial militar, que não foi o autor do disparo.


O agente relata também a preocupação que teve com ameaças e rumores de que os PMs envolvidos seriam 'caçados' por conta do ocorrido. "Houve boatos de que haveriam juntado dinheiro para poder 'caçar a cabeça' dos policiais que ali se encontravam na ocorrência. A gente teve que dobrar a atenção em relação a isso".


Desfecho indesejado

Abalado com toda a situação, o policial militar lamenta que a ocorrência tenha terminado com a morte de Brazolin e diz que não queria esse desfecho.


"Infelizmente não era algo que a gente esperava. A gente não queria que houvesse esse desfecho, mas foi o que aconteceu. A gente fez isso tudo em legítima defesa", afirma.


A versão de legítima defesa foi reforçada pela advogada Larissa Torquetto, que representa ele e outros três policiais militares envolvidos na ocorrência.


Ela aponta que as bodycams (câmeras acopladas no corpo dos PMs) e as imagens de monitoramento da própria delegacia devem comprovar os fatos.


"Ninguém quer entrar em uma ocorrência onde um policial militar fatalmente precisa neutralizar um policial civil. É uma fatalidade, não há de se questionar isso. A gente entende o calor do momento, mas não existe outro fato se não uma legítima defesa", afirma Larissa.


Relembre o caso

A troca de tiros que vitimou Eduardo Antônio Brazolin ocorreu na madrugada de 28 de fevereiro, em frente a Delegacia Sede de Guarujá.


Na ocasião, os PMs iriam apresentar uma ocorrência de um homem detido por desacato aos agentes que faziam patrulhamento e resistência à abordagem policial.


Segundo o boletim de ocorrência, o detido era amigo do filho de Brazolin. Ambos foram até a delegacia para tentar intervir na ocorrência, momento em que houve a discussão seguida de troca de tiros.


As investigações estão sob responsabilidade da 3ª Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Santos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disse que a Polícia Militar também instaurou inquérito, através da corregedoria, e se for constada alguma regularidade, serão tomadas as medidas cabíveis.


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