PM envolvido em tiroteio que matou policial civil no litoral de SP relembra confusão: 'Agonizante'
Eduardo Brazolin foi baleado e não resistiu após tentar intervir em uma ocorrência que seria apresentada na delegacia
Atualizado em 26/05/22 - 17:11
![Eduardo Brazolin (esquerda) morreu em troca de tiros na frente de delegacia no litoral de SP](http://atribuna.inf.br/storage/Noticias/Polícia/censurado3422869811096.webp)
Quase três meses após uma troca de tiros que terminou com a morte do policial civil Eduardo Antônio Brazolin, de 64 anos, em frente à Delegacia Sede de Guarujá, um dos policiais militares que estavam na ocorrência quebrou o silêncio. Ele relembrou a discussão ocorrida entre os agentes e lamentou que ela tenha terminado dessa forma.
Durante entrevista para A Tribuna, o policial militar de 35 anos , que pediu para não ter o nome divulgado, reforçou a versão de que o policial civil chegou exaltado à delegacia e exigiu que um homem, detido dentro da viatura da PM, fosse liberado. A ocorrência ainda seria apresentada.
O PM afirma que Brazolin xingou e ameaçou os agentes. "Na hora de imobilizarmos, ele sacou a arma, sem falar nada, e efetuou os disparos", recorda. No momento da discussão, um dos filhos do policial civil também estava presente.
Os disparos feitos pelo policial civil atingiram um PM no ombro e outro agente ficou ferido na região do olho, pela zona de chamuscamento. Conforme relatado em boletim de ocorrência, um policial militar revidou a agressão com um disparo, que atingiu Brazolin.
"Foi algo totalmente agonizante na hora. Um (PM) pensou que tinha sido atingido, um outro foi atingido e, se não houvesse a resposta rápida do oficial, teria acontecido algo muito maior. Só por causa dessa resposta rápida, podemos falar que estamos vivos", comenta o policial militar, que não foi o autor do disparo.
O agente relata também a preocupação que teve com ameaças e rumores de que os PMs envolvidos seriam 'caçados' por conta do ocorrido. "Houve boatos de que haveriam juntado dinheiro para poder 'caçar a cabeça' dos policiais que ali se encontravam na ocorrência. A gente teve que dobrar a atenção em relação a isso".
Desfecho indesejado
Abalado com toda a situação, o policial militar lamenta que a ocorrência tenha terminado com a morte de Brazolin e diz que não queria esse desfecho.
"Infelizmente não era algo que a gente esperava. A gente não queria que houvesse esse desfecho, mas foi o que aconteceu. A gente fez isso tudo em legítima defesa", afirma.
A versão de legítima defesa foi reforçada pela advogada Larissa Torquetto, que representa ele e outros três policiais militares envolvidos na ocorrência.
Ela aponta que as bodycams (câmeras acopladas no corpo dos PMs) e as imagens de monitoramento da própria delegacia devem comprovar os fatos.
"Ninguém quer entrar em uma ocorrência onde um policial militar fatalmente precisa neutralizar um policial civil. É uma fatalidade, não há de se questionar isso. A gente entende o calor do momento, mas não existe outro fato se não uma legítima defesa", afirma Larissa.
Relembre o caso
A troca de tiros que vitimou Eduardo Antônio Brazolin ocorreu na madrugada de 28 de fevereiro, em frente a Delegacia Sede de Guarujá.
Na ocasião, os PMs iriam apresentar uma ocorrência de um homem detido por desacato aos agentes que faziam patrulhamento e resistência à abordagem policial.
Segundo o boletim de ocorrência, o detido era amigo do filho de Brazolin. Ambos foram até a delegacia para tentar intervir na ocorrência, momento em que houve a discussão seguida de troca de tiros.
As investigações estão sob responsabilidade da 3ª Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Santos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disse que a Polícia Militar também instaurou inquérito, através da corregedoria, e se for constada alguma regularidade, serão tomadas as medidas cabíveis.