Justiça manda prender filhos de policial civil morto em tiroteio com PMs no litoral de SP

Inquérito aponta que dois filhos de Eduardo Brazolin estão envolvidos em lavagem de dinheiro e organização criminosa

Por: Daniel Gois  -  30/05/22  -  16:15
Eduardo Brazolin foi morto em frente ao DP Sede de Guarujá, no litoral de SP
Eduardo Brazolin foi morto em frente ao DP Sede de Guarujá, no litoral de SP   Foto: Reprodução/TV Tribuna

O juiz Edmilson Rosa dos Santos, da 3ª Vara Criminal de Guarujá, no litoral de São Paulo, determinou a prisão preventiva de dois filhos do policial civil Eduardo Antonio Brazolin, morto em fevereiro, em frente à Delegacia Sede do município, após um desentendimento com policiais militares.

Os filhos do policial, de 21 e 25 anos, são investigados em um inquérito que apura lavagem de dinheiro, estelionato e organização criminosa. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), o primeiro já está preso, enquanto o segundo é procurado pela Polícia Civil.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios


Conforme apurado por A Tribuna, o filho de 21 anos havia sido preso temporariamente no último dia 19, durante uma operação da Polícia Civil que contou com apoio da Delegacia Seccional de Santos. Ele teve a prisão temporária convertida em preventiva.


As investigações da Polícia Civil apontaram que os dois irmãos fazem parte de uma organização criminosa envolvida em fraudes por meios eletrônicos. Um exemplo de prática citada pela corporação é o "golpe do leilão virtual", onde é criado um site falso para que a vítima participe de um suposto leilão.


Depois de receber uma mensagem indicando ser vencedora da arrematação, a vítima acaba transferindo o valor pedido no Pix ou conta indicada pelos criminosos. Ela só se dá conta que caiu no golpe após ir no local citado e perceber que a empresa de leilões não existe.


Na decisão, o juiz argumentou que há indícios de a dupla estar entre os líderes da referida organização criminosa e que a prisão preventiva tem como efeito "desarticular diversas das atividades ilegais do grupo".


A SSP ressaltou que essas investigações não possuem nenhuma relação com a morte do pai dos investigados.


A Reportagem procurou a defesa da dupla e aguarda um posicionamento.


Morte do pai

Nenhum dos dois irmãos estava presente no tiroteio que ocorreu em frente a Delegacia Sede de Guarujá e vitimou o pai, Eduardo Antonio Brazolin, de forma fatal, no dia 28 de fevereiro.


Na ocasião, uma equipe da Polícia Militar havia detido um homem por desacato aos agentes e resistência a abordagem. Ele era amigo de outro filho de Brazolin.


Com isso, o policial civil e o filho envolvido na ocasião foram até a Delegacia Sede de Guarujá para tentar intervir na ocorrência, que ainda seria apresentada.


Segundo relatado em boletim de ocorrência, Eduardo Brazolin chegou bastante alterado no local, xingando e ameaçando os policiais militares que estavam envolvidos, e exigindo que o detido fosse liberado.


Na confusão, houve troca de tiros. O policial civil acabou baleado e não resistiu. Outros dois PMs ficaram feridos, sendo um baleado no ombro e outro ferido na região do olho, pela zona de chamuscamento provocada por um dos disparos.


Alegações

Representando quatro policiais militares envolvidos na ação, a advogada Larissa Torquetto disse que os agentes atuaram em legítima defesa.


Já o advogado da família de Brazolin e cunhado da vítima, Renato Cardoso, contestou o argumento e disse que aguarda as investigações para saber se houve excesso. Ele não participa da defesa dos filhos no inquérito de lavagem de dinheiro.


Investigações

A morte de Brazolin é investigada pela 3ª Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Santos. A Corregedoria da Polícia Militar também instaurou inquérito para apurar o caso. Segundo a SSP, "se constatada alguma irregularidade, as medidas cabíveis serão adotadas".


Já o inquérito que cita os filhos do policial civil é apurado pela Delegacia Sede de Guarujá, com apoio da Delegacia Seccional de Santos.


Logo A Tribuna