Jovem homossexual acusa segurança de agressão durante festa em Santos

Vendedor de 20 anos ficou com marcas pelo corpo. Ele registrou BO e relata ter ouvido xingamento homofóbico

Por: ATribuna.com.br  -  15/11/21  -  06:45
 Jovem relata que agressões em festa deixaram marcas em seu corpo
Jovem relata que agressões em festa deixaram marcas em seu corpo   Foto: Arquivo pessoal

Um jovem de 20 anos afirma ter sido agredido pelo segurança de uma festa, em Santos, neste fim de semana. Homossexual, o vendedor Rodrigo Rocha Silva relatou à Reportagem, neste domingo (14), que ouviu um xingamento homofóbico e chegou a ficar desacordado após ser agarrado pelo pescoço e, na sequência, ser empurrado de uma escada. Na saída, ele ainda teve pertences roubados. O clube e os organizadores do evento disseram que irão apurar o ocorrido.


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O jovem foi à festa com outros quatro amigos. Em entrevista para A Tribuna, ele conta que, já na chegada da balada, "esse segurança já me encarou". No meio da festa, realizada na Associação Atlética dos Portuários, no bairro Marapé, uma de suas amigas precisou ir ao banheiro. Rodrigo a acompanhou, porque tem "medo de que aconteça alguma coisa com as meninas. Ela foi correndo porque estava bem apertada e eu fui atrás, correndo também. O segurança me impediu, me parou. Eu falei que só queria passar e ele já começou a gritar comigo", conta Rodrigo.


À polícia, ele disse que o segurança o empurrou e gritou "sai daqui". O agressor ainda teria usado um xingamento homofóbico para se referir a Rodrigo.


"Eu falei 'moço, ela é minha amiga. Deixa eu passar'. Mas ele apertou meu pescoço e meu braço. Foi muito forte. Minha reação automática foi reagir e dei uma mordida nele. No fim, ele me jogou de uma escada e fiquei um período desmaiado". Segundo a vítima, foram cerca de "cinco a sete minutos" sem consciência.


Para Rodrigo, a motivação das agressões foi "totalmente homofóbica". Ele diz que, logo que entrou no evento, as roupas usadas por ele o destacavam do restante dos convidados e, a partir daí, o segurança já teria começado a encará-lo.


Os amigos de Rodrigo que também foram ao evento não viram as agressões. Desencontrado do grupo com quem tinha ido, ele diz que foi acordado por uma outra participante da festa. "Ela perguntava 'o que aconteceu?'. Eu estava fora, e sem um tênis. Procurei o chefe da segurança e ele disse que não faria nada".


Já fora do clube, jovens que passavam próximo ao local viram Rodrigo - ainda um pouco tonto após as agressões -, e o roubaram. "Um deles puxou minha bolsa, e o outro puxou o celular".


Após o roubo, a vítima pediu ajuda a agentes da Polícia Militar que estavam perto do clube. "A policial disse que não poderia fazer nada e que era para eu ir à delegacia". Ele esteve no 1º Distrito Policial de São Vicente, mas, segundo a vítima, a delegada de plantão afirmou que registraria o caso somente após ele fazer exames. A Tribuna questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) se as condutas da PM e da Polícia Civil foram corretas, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.


Ainda no sábado (13), Rodrigo foi ao Hospital Municipal de São Vicente, onde fez exames e foi medicado. "Os músculos estão muito inchados e tenho marcas por corpo".


Neste domingo, ele foi novamente ao 1º DP de São Vicente, onde registrou o caso.


"Eu trabalho das 10h às 22h. Só queria me divertir. Eu não fiz nada para aquele cara. Depois de tudo, fiquei até com vergonha de ir para casa. Não queria dar desgosto para a minha mãe", desabafa Rodrigo.


Outro lado
O clube diz que apenas alugou o espaço para a organização do evento e que irá apurar o ocorrido junto aos organizadores da festa. A empresa Eventos Litoral, responsável pelo evento, informou se preocupar com a segurança de todos e que os seguranças que atuam pela empresa são treinados. Os responsáveis disseram que não ficaram sabendo do ocorrido, mas que irão conversar novamente com o chefe da segurança. A empresa reforça que trabalha para promover entretenimento e o bem estar de todos.


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