Jovem acusa golpe de loja em Santos ao tentar comprar primeiro carro: 'Trauma para o resto da vida'

Um jovem, de 21 anos, foi vítima de um golpe enquanto tentava comprar o seu primeiro carro, em Santos. O caso ocorreu em uma loja no Embaré e quase causou um prejuízo de mais de R$ 65 mil.

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A vítima, um assistente administrativo que pediu para não ser identificado, conta que foi presencialmente à loja, localizada à Rua Osvaldo Cochrane, no dia 4 de abril, depois que um vendedor ofereceu um carro que estaria no estabelecimento. Na ocasião, o jovem havia acabado de tirar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Segundo o assistente administrativo, o vendedor solicitou informações pessoais dele e fotografou seu rosto para consultar como ficaria um possível financiamento junto ao banco. Posteriormente, a vítima descobriu que esse financiamento já havia sido fechado, sem a autorização dela.

Além disso, o jovem também não encontrou o carro seminovo no dia em que esteve na loja. "Ele falou pra mim que tinha tido um problema, que o dono não pôde deixar o carro lá e que depois o veículo iria aparecer", conta o jovem, em entrevista para A Tribuna.

O financiamento foi feito em torno de R$ 37 mil para ser pago em cinco anos, com parcelas de R$ 1.093,12 por mês - no fim, o carro que a vítima sequer comprou custaria R$ 65.587,20. O jovem recebeu boletos de cobrança em casa, mas não pagou parcela alguma.

Dor de cabeça

De imediato, a vítima solicitou junto ao vendedor e ao banco o cancelamento do contrato. "Todo dia entrava em contato com ele. No mesmo dia do golpe, entrei em contato com o banco e pedi para bloquearem o financiamento caso o mesmo aparecesse no sistema. Já se passaram dois meses, e, preciso ligar todo dia para pedir o cancelamento", desabafa.

Ao pesquisar pelo veículo envolvido, a vítima conseguiu contato com o dono e descobriu que ele também não havia autorizado a venda. Ainda de acordo com a vítima, o dono do veículo fez uma vistoria na referida loja, e, na oportunidade, o vendedor aproveitou para fotografá-lo e vendê-lo, mesmo sem autorização.

O jovem relata ainda que o vendedor solicitou que ele fizesse uma carta solicitando o cancelamento do contrato com firma reconhecida, mas segundo a vítima, a suspensão ainda assim não foi feita.

"Estava feliz porque eu tinha acabado de tirar a minha carteira de motorista e no começo de abril, comecei a pesquisar modelos de carro, os mais econômicos. No fim, fui vítima de um golpe e peguei esse trauma para o resto da minha vida. Cheguei a ligar quase umas 30 vezes por dia", desabafa.

Denúncia

Sem solução, o jovem levou o caso à Polícia Civil, com a elaboração de um boletim de ocorrência, e também ao Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP).

Segundo apurado por A Tribuna, mais de 30 vítimas do referido vendedor têm se reunido e buscado solução para os golpes, que em sua maioria envolvem a venda e financiamento de veículos sem a devida autorização.

Posicionamento

Em nota para A Tribuna, o Itaú Unibanco, instituição bancária onde foi feito o financiamento, disse que o contrato foi cancelado de modo que o cliente não precise pagar nada. O banco afirma que a vítima não terá qualquer prejuízo por conta do golpe. Confira a nota na íntegra.

“O Itaú Unibanco informa que suspeitas de golpes e fraudes comunicadas por clientes são avaliadas de forma minuciosa e individualizada. No caso em questão, como a operação foi realizada com uso de biometria facial do próprio cliente, o contrato foi expedido. Após investigação do caso, o banco decidiu fazer a liquidação do contrato, sem qualquer prejuízo para o cliente, e tomará as devidas medidas em relação à revenda de carros envolvida. O banco reforça que ao serem vítimas de golpes ou fraudes, é necessário contatar imediatamente o Itaú e registrar boletim de ocorrência, de modo que as autoridades competentes possam tomar as medidas necessárias. Estas e outras orientações de segurança também estão disponíveis no site.”

A Reportagem procurou o Procon-SP, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) e a Mega Automóveis, loja onde foi feito o financiamento, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.