Homem que matou 5 e se suicidou tinha ordem judicial para se afastar da mulher
Ex-amante do assassino acreditava ser ele o pai do filho dela e ajuizou ação de paternidade. Porém, exame de DNA descartou vínculo genético entre o homem e a criança
Com histórico de violência doméstica contra a atual mulher, de quem deveria se manter afastado por determinação judicial, um homem a baleou na cabeça, ferindo-a gravemente. Em seguida, dizimou uma ex-amante e a família dela, matando cinco pessoas. O ataque de fúria cessou com o atirador se suicidando com um disparo na cabeça.
A tragédia aconteceu quinta-feira (5) em dois bairros de São Vicente. A ex-amante do eletricista Alex Sander Correia, de 48 anos, acreditava ser ele o pai do filho dela e ajuizou ação de paternidade. Porém, recente resultado de exame de DNA descartou vínculo genético entre o homem e a criança, um menino de 8 anos. O garoto só não morreu porque conseguiu sair da casa da mãe durante a chacina.
Medida não protegeu
Vítima de violência doméstica, Renata Maria dos Santos, de 40 anos, obteve medida protetiva de urgência, prevista na Lei Maria da Penha, que obrigava Alex a se manter afastado do lar e dela. As restrições foram impostas ao eletricista pelo juiz Rodrigo Barbosa Sales, da 3ª Vara Criminal de São Vicente, no dia 3 de agosto de 2018.
O magistrado também proibiu Alex de frequentar o local de trabalho de Renata, um supermercado em Santos. Ao justificar a aplicação das medidas protetivas, ele reconheceu que “a conduta do agressor significa um constante risco à integridade física e moral da vítima”. Porém, Sales indeferiu a expedição de mandado de busca e apreensão para localizar e recolher eventual arma de fogo de Alex.
O juiz ponderou que a própria vítima poderia informar a polícia sobre a existência de armamento, possibilitando a sua apreensão. Alex tinha um revólver calibre 38 e o usou na chacina seguida de suicídio. Não se sabe se Renata tinha ciência desta arma. A única certeza é a de que ela acolheu o companheiro no lar, apesar da medida protetiva, porque ele ficou desempregado. Mesmo com a decisão judicial, a mulher continuou vulnerável.
Primeiro ataque
Não se sabe as exatas circunstâncias do atentado de Alex contra Renata. Por volta das 5h30, policiais militares foram acionados para checar a ocorrência de disparos na residência do casal, na Avenida Vereador Valter Melarato, no Humaitá, e se depararam com a mulher baleada na cabeça e no braço direito.
Em estado grave, a vítima foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal de São Vicente. A filha do casal, de 21 anos, também estava na casa, e escapou ilesa. Alex fugiu, até então para local ignorado, pilotando a sua moto Honda Titan CG 150.
Explosão de fúria
Os próximos alvos do eletricista foram a auxiliar de limpeza Margarete Neto Pinheiro de Jesus, de 41 anos, que promoveu a investigação de paternidade, e a família dela. Essas vítimas residiam em duas casas que ficam no mesmo terreno, na Rua Gabriel Passos, no Jóquei Clube.
Com o revólver 38 usado para balear Renata, Alex invadiu as moradias da família de Margarete e abriu fogo pouco depois das 6h. A arma tem capacidade para seis munições e estima-se que foi recarregada duas vezes pela quantidade de tiros efetuados. Sem chance de defesa, as vítimas do Jóquei Clube foram executadas com tiros na cabeça.
Além de Margarete, morreram a irmã dela, Maísa das Graças Pinheiro Silva, de 39 anos; Larissa Pinheiro do Monte, de 19, filha de Maísa e sobrinha de Margarete; e Daulira das Graças Neto Neves, de 66, mãe de Margarete e Maísa. Marido de Daulira, Carlos Alberto Neves, de 57 anos, fugiu da casa gritando por socorro, mas o eletricista o perseguiu e também o assassinou a tiros na Rua Carijós, que fica nas imediações.
Com exceção de Maísa, que chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Municipal de São Vicente, onde faleceu logo após dar entrada, as demais mulheres foram achadas mortas em locais diferentes dos imóveis. O marido de Maísa conseguiu se salvar junto com o filho, de 7 anos, porque se trancou dentro de um quarto. O filho de Margarete, de 8 anos, correu para a rua e um vizinho o abrigou.
Desfecho
Alex ainda tinha munição e retornou para a casa onde morava com Renata. Não se sabe se apenas pretendia fugir ou planejava dar continuidade aos homicídios em série. Quando se aproximava da residência com a sua moto, ele se deparou com policiais militares na porta e se matou com um tiro na cabeça. Antes, gritou “entrega isto para a minha filha”, jogando no chão a sua carteira com documentos e a quantia de R$ 1.278.