GCM dá golpe de cassetete na cabeça de moradora do litoral de SP: 'Pensei que ia morrer'

Prefeitura afirma que caso envolvendo guarda e mulher de 51 anos está sob apuração

Por: Cássio Lyra  -  20/04/22  -  07:22
Rosemere está com um corte na cabeça em razão do golpe de cassetete que sofreu de guarda municipal
Rosemere está com um corte na cabeça em razão do golpe de cassetete que sofreu de guarda municipal   Foto: Arquivo pessoal

Um agente da Guarda Municipal (GCM) de Guarujá agrediu uma moradora com um golpe de cassetete na cabeça na noite de domingo (17). A vítima, de 51 anos, ficou gravemente ferida e segue em recuperação da agressão sofrida. A Prefeitura afirmou que, por conta do episódio, o guarda foi afastado.


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A vítima, Rosemere Lourenço, contou para A Tribuna havia planejado um churrasco no domingo de Páscoa na casa da família, no bairro Morrinhos. A celebração começou pela manhã e foi até à noite, quando um dos vizinhos acionou a Guarda Municipal por conta do som alto.


"Por volta de umas 23 horas os guardas chegaram. Eles estavam visivelmente alterados e superagressivos. O aparelho de som estava na casa da frente, dos meus tios, mas, meu tio, que é o dono do aparelho, não estava em casa e só ele é quem sabe desligar (o aparelho). Meu pai então diminuiu o som e disse para os guardas que não tinha como desligar", conta Beatriz Barbosa, de 21 anos, filha de Rosemere.


Quando o cunhado da vítima retornou para casa, ele desligou o aparelho e disse aos guardas poderiam recolher o equipamento. Rosemere conta que, ao tentar acalmar os ânimos do marido, ela foi empurrada e depois veio a agressão.


"Quando o guarda me empurrou, me defendi dizendo que ele não tinha o direito de fazer aquilo. Ele puxou meu braço, levantou o cassetete e deu uma paulada na minha cabeça. Caí no chão na hora, sangrando muito. Minha filha ficou desesperada", relembra a vítima.


Conforme relato da filha, vítima perdeu muito após a agressão
Conforme relato da filha, vítima perdeu muito após a agressão   Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a filha de Rosemere, nenhum agente da GCM que estava no local prestou socorro.

A mulher agredida lembra que os guardas "ficaram parados". "Graças a uma vizinha, que chamou o Samu, que me levaram para o hospital", disse a vítima.


Primeiro Rosemere foi conduzida UPA Rodoviária, onde foi atendida por equipes de emergência. Depois, foi encaminhada para o Hospital Santo Amaro (HSA). Na unidade, ela passou por exames de radiografia e foi liberada somente no dia seguinte.


Na segunda (18), um dia após a agressão, Rosemere registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Sede de Guarujá.

Ela conta ter sido informada pelos policiais que o guarda, em depoimento, relatou que a vítima teria agredido um dos profissionais após ser empurrada, e que a ação do GCM foi em legítima defesa.

"Eu não falei palavrões, não agredi ninguém. Ele me acertou com muita força. Passei muito mal e, na hora, pensei seriamente que iria morrer", desabafou.


Vítima precisou levar pontos na cabeça
Vítima precisou levar pontos na cabeça   Foto: Arquivo pessoal

Justiça

Indignada com a situação, a família divulgou a identidade do guarda municipal nas redes sociais. "Fomos procurados pela Ouvidoria e disseram que vão dar andamento no caso. Minha mãe tá muito machucada ainda. Agora, estamos tentando fazer Justiça. Não é certo uma pessoa que deve proteger a população agredir uma mulher desse jeito. É um absurdo", disse a filha.


Resposta

A Prefeitura de Guarujá informou, em nota, que a superintendência de Força Tarefa e Contenção de Invasões recebeu uma denúncia de som abusivo no domingo (17) em um local que tem histórico de perturbação do sossego, no bairro Morrinhos.


Assim que os guardas chegaram, segundo a Administração Municipal, constataram o som abusivo e determinaram a apreensão da caixa de som, conforme consta no boletim de ocorrência registrado na Delegacia Sede de Guarujá.


"Os acontecimentos narrados pela denunciante não condizem com os balizamentos éticos e legais defendidos pela Secretaria Municipal de Defesa e Convivência Social (Sedecon) e serão alvo de procedimento disciplinar para apuração dos fatos, já instaurado pela Corregedoria da Guarda Municipal. Até lá, o agente envolvido ficará afastado de suas funções", afirmou a Prefeitura.


Episódio ocorreu na noite de domingo (17) no bairro Morrinhos
Episódio ocorreu na noite de domingo (17) no bairro Morrinhos   Foto: Arquivo pessoal

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