Ex-PM é condenado a 19 anos por executar estudante com tiro na nuca em São Vicente
Expulso da PM, Jarbas teve a preventiva decretada e respondeu ao processo preso no Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros
Acusado de usar o perfil de sua namorada para atrair a uma emboscada o universitário Matheus Garcia Vasconcellos Alves, de 24 anos, e executá-lo com um tiro na nuca, o ex-soldado da Polícia Militar Jarbas Colferai Neto, de 25, foi condenado nesta terça-feira (10) a 19 anos, sete meses e seis dias de reclusão, em regime inicial fechado.
A sessão aconteceu no Fórum de São Vicente e os jurados acolheram a tese do promotor André Luiz dos Santos e do assistente da acusação, advogado Eugênio Malavasi. De acordo com eles, Jarbas praticou um homicídio qualificado pelo motivo torpe e pela emboscada, que impossibilitou a defesa da vítima.
O advogado Alexander Neves Lopes sustentou que Jarbas agiu em face de relevante valor moral ou sob violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima. Ele apresentou ainda outras teses objetivando a atenuação da pena, como suposta semi-imputabilidade do réu, afastamento das qualificadoras do homicídio e confissão do acusado.
Sob a presidência do juiz Alexandre Torres de Aguiar, o júri popular teve início às 9h30 e acabou às 22 horas. Após a leitura do veredicto, Malavasi comentou a decisão dos jurados: “Mais uma vez o conselho de sentença de São Vicente fez justiça e minimizou o sofrimento da família”.
Meses de planejamento
Expulso da PM, Jarbas teve a preventiva decretada e respondeu ao processo preso no Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros, na Capital. Passando-se pela namorada, que na época tinha 24 anos, o réu conversava com o universitário havia cerca de seis meses, mas a emboscada só foi colocada em prática na noite de 18 de setembro de 2017.
Os diálogos aconteciam pelo Messenger, do Facebook. Na época, o réu era policial militar – a expulsão decorreu de seu suposto envolvimento com drogas. Por desconfiar de que a namorada, com quem teve um filho, o traía com Matheus, Jarbas se passou pela jovem na rede social e insistiu em marcar encontro com o estudante até atingir o seu intento.
A pivô do crime negou ser a autora das conversas travadas em seu Messenger com o universitário, que o atraíram ao local do homicídio. Ela disse que não forneceu a sua senha a Jarbas e atribuiu o assassinato de Matheus a um ciúme injustificado do réu. A jovem afirmou que não teve qualquer envolvimento amoroso com o universitário.
Tocaia fatal
No último ano de Publicidade e Propaganda e atleta de hóquei do Clube Internacional de Regatas, com passagem pela Seleção Brasileira, Matheus aceitou convite da suposta jovem, após ela dizer que estava com a chave da casa de uma prima, onde poderiam se encontrar com segurança e privacidade.
O imóvel estaria vazio e fica na Rua Nicolau Guirão Perez, ao lado do Fórum, no Parque Bitaru. O endereço existe de fato, mas nele não mora prima alguma. O estudante só percebeu que se tratava de emboscada ao chegar ao local em um carro de transporte de passageiro por aplicativo. Tão logo o veículo foi embora, Jarbas apareceu.
O soldado exigiu que a vítima lhe entregasse o celular. Além de o aparelho conter provas do crime, o seu sumiço daria a impressão de latrocínio (roubo seguido de morte). Em seguida, Jarbas mandou Matheus virar de costas, colocar as mãos na cabeça e se ajoelhar. Com um impiedoso tiro na nuca, o policial eliminou o universitário e fugiu.
A Polícia Civil esclareceu o caso após examinar as últimas conversas da vítima no Messenger. Imagens de uma câmera de segurança da rua onde ocorreu a execução também contribuíram para desvendar o assassinato. Com o crime esclarecido, Jarbas teve a preventiva decretada e foi capturado.