Delegado de Santos é alvo do Ministério Público por suposto enriquecimento com vídeos de operações

Da Cunha, como é conhecido, tem milhões de seguidores nas redes sociais e foi afastado da Polícia Civil de São Paulo

Por: Daniel Gois  -  11/08/21  -  15:57
Atualizado em 11/08/21 - 16:58
 Nascido em Santos, delegado Da Cunha é alvo de inquérito do MP sobre enriquecimento irregular
Nascido em Santos, delegado Da Cunha é alvo de inquérito do MP sobre enriquecimento irregular   Foto: Reprodução/Facebook

O delegado de polícia Carlos Alberto da Cunha passou a ser alvo de inquérito do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que apura se ele enriqueceu de forma irregular com a divulgação de vídeos de operações da Polícia Civil nas redes sociais. A informação foi divulgada pelo Jornal Folha de S. Paulo e confirmada por A Tribuna.


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Na instauração do inquérito, a Promotoria do MP indicou suposta prática de ato de improbidade administrativa. Segundo o MP, Da Cunha, como o delegado é conhecido, estaria "ostentando uniforme e distintivo de forma incompatível com a envergadura do cargo ocupado e promovendo, desnecessariamente, a empresa privada da qual é sócio (Grupo Delta Uno)".


Ainda conforme a ação, que tem como representante o Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP), o delegado utiliza a imagem da Polícia Civil para "se promover e promover sua empresa de segurança, expondo técnicas que prejudicam a atuação de policiais, bem como métodos e protocolos usados pela polícia no combate à criminalidade".


O inquérito toma como base o princípio de moralidade administrativa, descrito no Artigo 37 da Constituição Federal, que prevê que a "publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social", não permitindo a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.


A apuração do caso ainda está em fase inicial. Da Cunha também é alvo de seis processos administrativos, sendo a maioria relacionada às condutas adotadas durante operações transmitidas nas redes sociais.


 Delegado possui milhões de seguidores nas redes sociais e costuma divulgar vídeos de operações
Delegado possui milhões de seguidores nas redes sociais e costuma divulgar vídeos de operações   Foto: Reprodução/Facebook

Afastamento


No último dia 28, o delegado, que é nascido em Santos,foi afastado da Polícia Civil de São Pauloapós afirmar, em um podcast, que existem "ratos e ratazanas na administração pública de São Paulo", e que essas pessoas precisariam ser "identificadas e combatidas".


O afastamento foi assinado pelo delegado-geral Ruy Ferraz e confirmado pelo próprio Da Cunha, em um canal próprio no YouTube, que possui mais de 3 milhões de inscritos.


Da Cunha atuava na 4ª Delegacia Seccional do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo. Com o afastamento, ele precisou entregar armas e distintivos da Polícia Civil.


A reportagem procurou a defesa do delegado, que disse que ainda não teve acesso ao inquérito civil, e por isso não há como comentar o caso.


 Delegado da Cunha foi afastado da Polícia Civil de São Paulo após declarações em podcast
Delegado da Cunha foi afastado da Polícia Civil de São Paulo após declarações em podcast   Foto: Reprodução/Facebook

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