Você sabe o que é compostagem? Reciclagem de lixo orgânico pode ser feita em casa
Marcus Fernandes explica projeto e conta como cada um pode fazer a sua parte
A reciclagem já é uma prática amplamente difundida e conhecida por grande parte das pessoas. Separar o plástico, papel, metal e vidro já se tornou hábito, inclusive, em muitos lares. Já o material orgânico que é descartado, muitas vezes acaba se juntando a outros tipos de lixo. A reciclagem da matéria orgânica, no entanto, é feita de uma forma diferente: através da compostagem.
A técnica milenar, com registros de ter sido praticada desde a Babilônia, tem como objetivo a transformação da matéria orgânica que é descartada, em húmus, o adubo orgânico. O produto final é tão rico em nutrientes, que acaba sendo cobiçado para plantações. O adubo é limpo, e pode ser aproveitado em praças, parques, jardins, ao invés de ser enterrado em um aterro sanitário ou em um lixão.
O coordenador de políticas ambientais da secretaria de Meio Ambiente de Santos, Marcus Fernandes, explica que a compostagem pode ser feita tanto em larga escala quanto em casa. “Existem várias formas de fazer compostagem. Essa matéria orgânica pode ser colocada em um monte, a gente protege esse material, e microorganismos vão começar a comê-lo. Esse processo vai gerar o que a gente chama de húmus”, conta.
Para fazer a compostagem em casa, o indicado é investir em um ‘minhocário’. “É o mesmo processo, mas a diferença é que, com a bactéria, não dá para trabalhar em casa, é preciso ter um controle muito maior. A minhoca faz a mesma coisa, ela é um grande jardineiro, que vai comendo o que encontrar e o resíduo se transforma em húmus e vira adubo orgânico”, explica Marcus.
O minhocário pode ser comprado pronto, ou feito com baldes ou caixas. “Um balde fica em cima do outro, com furos entre eles. No primeiro, você coloca a terra, minhocas e lá você deposita frutas, verduras e legumes. A minhoca vai começar a comer esse material e transformá-lo no húmus. Quando terminar, a minhoca vai descer para a próxima caixa, aí você inverte as caixas e recomeça o trabalho. Na caixa de baixo você vai ter a terra de alta qualidade, e pode usá-la onde você quiser”.
Tanto o processo com minhocas quanto com bactérias, gera um material líquido chamado chorume. Esse termo é muito associado a lixo, mas ele nada mais é do que a parte líquida desse processo, e também pode ser aproveitado para o cuidado de plantas.
Popularização
Durante o período de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), muitas pessoas têm procurado saber mais a respeito da compostagem, uma vez que, por passarem mais tempo em casa, perceberam a importância da reciclagem.
Marcus Fernandes conta que a compostagem, quando feita de forma correta, não gera odor e pode ser feita em casa de forma simples. “Hoje em dia se você procurar na internet vai encontrar composteiras prontas para comprar, que vêm, inclusive, com as minhocas”.
Composta Santos
A fim de promover ainda mais a prática que é essencial para a diminuição do resíduo orgânico nos aterros sanitários, Marcus explica que a Prefeitura de Santos conseguiu uma verba de R$ 1 milhão do Governo Federal em 2017 para o projeto Composta Santos.
A iniciativa visa realizar a compostagem do resíduo orgânico que é descartado nas 25 feiras livres da cidade. “O projeto tem como objetivo criar um pátio de compostagem, que deve ficar pronto até meados do próximo ano, e além disso, como o pátio ficará na Alemoa, longe das pessoas, compramos composteiras minhocários para distribuir para clubes, escolas e condomínios”.
O primeiro objetivo é criar o pátio, e o segundo é difundir a técnica, fazer com que todos os santistas, da mesma forma que já sabem automaticamente o que é reciclagem, saibam que a compostagem é transformar o resíduo orgânico em adubo, segundo o coordenador.
A distribuição dos minhocários visa educar as população para criar uma cultura acerca da compostagem. “Precisamos que as pessoas comecem a conhecer o tempo. As pessoas estão familiarizadas com o termo reciclagem, mas não com a compostagem”, finaliza.