Especialista em Relações Internacionais de Santos não acredita em sanções contra os insumos russos
Fabiano Menezes aponta também incertezas relacionadas ao conflito: “Vai ter um efeito em cascata na maioria dos países"
O coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Fabiano Menezes, não acredita em sanções internacionais contra os insumos russos. Mas aponta as incertezas relacionadas ao conflito. “Vai ter um efeito em cascata na maioria dos países. É uma interdependência global e econômica que vai afetar tudo e todos”.
“Qualquer retaliação mais pesada da União Europeia contra os russos prejudicaria não só os russos, mas também a União Europeia, os Estados Unidos e o mundo inteiro. Só com isso que aconteceu, o preço do petróleo já foi para acima de US$ 105, então tende a encarecer tudo. Países que dependem de importação vão sofrer as consequências desses produtos, especialmente a indústria”.
Menezes ainda destaca que sanções internacionais podem afetar o comércio internacional. “Uma sanção poderia ser de produtos não relacionados a petróleo e gás, e aí todo mundo que compra alguma coisa da Rússia não poderá comprar mais. Como a Rússia é um bom jogador nesse xadrez geopolítico, ela sabe que dificilmente terá uma retaliação desse porte, porque isso afetaria a Rússia e a todos os demais. Seria uma quebradeira geral”.
Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, ainda é cedo para especulações sobre retaliações, apesar de alguns países já comentarem sobre represálias comerciais com a Rússia. Porém, o Brasil não deve entrar nesta lista.
Posição complicada Para o professor e coordenador da pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, Gilberto Rodrigues, o Brasil está em uma situação muito complicada diante desse complexo cenário.
“O presidente Bolsonaro fez uma viagem completamente inoportuna para a Rússia, pedindo ao Putin que o mercado de fertilizantes não sofresse desabastecimento diante do conflito, porque o Brasil depende da importação de fertilizantes da Rússia”. (DG e FB).