Sindicato do Comércio da Baixada Santista aposta em crescimento e novos empregos em 2022

Para Omar Abdul Assaf, pandemia deixou legado importante para o setor

Por: Sandro Thadeu  -  13/02/22  -  11:34
Atualizado em 13/02/22 - 16:28
Presidente revelou expectativas para 2022 em entrevista à A Tribuna
Presidente revelou expectativas para 2022 em entrevista à A Tribuna   Foto: Matheus Tagé/AT

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista, Omar Abdul Assaf, acredita que o setor terá um crescimento superior a 5% neste ano na comparação com 2021 e está muito otimista em relação à criação de novos postos de trabalho. No mês passado, ele foi reconduzido por mais quatro anos ao comando da entidade, que completou 91 anos de existência no último dia 22 e possui 14 mil associados. Para Assaf, a pandemia de covid-19 deixou um legado importante para o setor, como a maior valorização dos trabalhadores e a unidade da classe. Confira a entrevista a seguir.


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Em entrevista concedida para A Tribuna, em maio do ano passado, o senhor disse que o comércio da Baixada Santista “estava na UTI e em frangalhos”. Oito meses depois, qual é a situação desse segmento?

A situação melhorou muito. Estamos com o comércio praticamente todo aberto, com pouquíssimas restrições. Tivemos um crescimento de 5% no ano passado em relação a 2020, que ficou dentro da nossa estimativa. Há uma expectativa boa para 2022, pois os índices de confiança do consumidor e do comerciante subiram em comparação a 2021. Essas pesquisas são muito amplas e importantes, porque servem de um bom parâmetro para a gente.


E quais as projeções de crescimento para este ano?

Para 2022, projetamos um crescimento superior a 5% em relação ao ano passado, mas ainda não temos esse índice. A Baixada Santista possui algumas peculiaridades, devido ao cancelamento do Carnaval e da suspensão da temporada de cruzeiros. Esses dois fatores e as chuvas de janeiro impactaram negativamente, mas, provavelmente, a partir de março teremos a retomada com muito vigor.


Quais setores devem se destacar mais?

Acredito que os segmentos de calçados e vestuário. A pandemia provocou uma retração no consumo de calçados, bolsas, roupas e perfumes, por exemplo. Muitos voltaram a trabalhar presencialmente e a sair de suas casas. Por isso, estão comprando mais esses produtos. Nos primeiros meses da pandemia, houve um aumento na venda de materiais de construção e de móveis, porque as pessoas passaram a ficar mais em casa.


O senhor ficou preocupado com a possibilidade de novas restrições e a possível diminuição no horário de funcionamento do comércio devido ao avanço de casos de covid-19 nas últimas semanas?

A variante Ômicron está contaminando muito mais pessoas, mas a gente, ao mesmo tempo, tem a vacinação e a imunidade adquirida pela população. Como presidente do sindicato, tenho adotado uma linha de defender todos os comércios, inclusive aqueles que não fazem parte da nossa base de sócios. Na minha opinião, não deveria haver nenhuma restrição. Quando o governador João Doria (PSDB) anunciou que os estádios teriam de respeitar o limite de 70% de capacidade, em janeiro, nós ficamos apavorados. No mesmo dia, houve uma reunião do comitê da covid-19 e o prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), nos garantiu que não haveria nenhuma restrição superior à definida pelos governos do Estado e Federal. Isso nos deixou bem mais tranquilos.


Na sua avaliação, como foi o apoio dado ao setor pelos governos Federal, do Estado e municipais da região durante esses dois anos de pandemia de covid-19?

Nós tivemos uma ajuda fantástica do Governo Federal, que prorrogou por vários meses o recolhimento do INSS, FGTS, PIS e Cofins. Outro fator positivo, que está fazendo muita falta hoje em dia, foi o auxílio emergencial, que beneficiou os “invisíveis”, irrigou a economia e ajudou a gente a atravessar aquele momento difícil. Praticamente não tivemos ajuda do Governo Estadual. Em relação às prefeituras, algumas prorrogaram o pagamento de impostos e isentaram a cobrança de alguns tributos e taxas de licença, mas isso é muito pouco perto do que a gente precisa. Tenho falado para os prefeitos que precisamos dessa ajuda, porque o comerciante é um otimista por natureza. Dificilmente, ele fecha as portas. Para manter o negócio de pé, ele vende as suas propriedades e pega dinheiro emprestado se for necessário. O Governo Federal também ofertou empréstimos e autorizou a suspensão dos contratos de trabalho, que foi uma medida muito importante para preservar empregos.


Por falar nesse assunto, qual é a expectativa do senhor sobre a abertura de novos postos de trabalho aqui na região?Muitos trabalhadores temporários contratados no final do ano foram efetivados?

O comércio é o maior empregador e o maior gerador de renda da região. Houve uma diminuição no desemprego no País. Estou otimista também por estarmos em um ano de eleição. Nessas ocasiões, normalmente, há uma circulação maior de dinheiro na praça, porque os governantes querem acelerar as obras para serem entregues antes do final do ano e os municípios acabam sendo beneficiados diretamente. Por esse motivo, ocorre um aquecimento no setor nos anos de eleição. Além disso, acredito que mais da metade dos trabalhadores temporários acabou efetivada. Havia um deficit muito grande de funcionários nas lojas. Vários deles foram contratados somente no final do ano por causa da temporada de verão. Conseguimos também uma conquista importante que é um piso de ingresso, de 90 dias. Se a pessoa for efetivada, ela passa a receber um salário maior.


A falta de qualificação de mão de obra é um problema enfrentado pelo setor?

Já foi um problema maior. Temos o programa Capacita Comércio, que treina os funcionários para que eles cheguem às lojas melhor treinados. Por outro lado, o comerciante abriu os olhos e percebeu que precisa treinar melhor os seus funcionários. Muitas empresas estão fazendo treinamentos no espaço do nosso sindicato. A Baixada Santista carrega uma fama de 20, 30 anos atrás de não ter vários produtos e apresentar filas nos estabelecimentos, mas isso ficou no passado. Temos um grande e variado número de comércios que trabalham bastante para conquistar os clientes.


Quais são os outros gargalos que impedem o avanço do comércio varejista na região?

Temos esse problema crônico na travessia de balsas Santos-Guarujá e a falta de drenagem em vários pontos da região. Por causa das chuvas, oito funcionários do meu supermercado não conseguiram chegar para trabalhar na segunda-feira. Espero que uma hora saia o aeroporto na região. Acredito que a legalização dos cassinos será positiva e poderá trazer grandes ganhos à Baixada Santista. A soma desses fatores e a realização de grandes eventos irão ajudar a movimentar a nossa economia e o nosso comércio. Possuímos muitos atrativos que poderiam ser melhor explorados. A questão da segurança também precisa receber uma atenção especial das autoridades.


Quais foram os aprendizados e legados deixados para o comércio varejista durante a pandemia?

Há tudo o que você possa imaginar. Essa situação fez com que os comerciantes procurassem mais o sindicato e as entidades de classe para defendê-los. Houve ainda uma maior valorização de seus colaboradores. Sem eles, a gente não consegue manter as portas abertas. As empresas foram muito solidárias às famílias ao longo desse período, quando os colaboradores ficaram hospitalizados por causa da covid-19. Houve uma preocupação maior com a saúde e a segurança no trabalho e com a questão da higiene. Diversos procedimentos passaram a ser feitos na retaguarda das lojas e isso não é de conhecimento dos clientes.


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