Seminário no litoral de SP aborda seguro para produtores de café

Em entrevista, o executivo Paulo Henrique Pereira Jr. aponta questões a serem solucionadas e tendências para o setor

Por: Anderson Firmino  -  12/05/22  -  07:57
Atualizado em 12/05/22 - 14:26
Paulo Henrique Pereira Jr.:
Paulo Henrique Pereira Jr.:   Foto: Divulgação

O setor do café estima uma recuperação na safra deste ano. Contudo, o desafio de atingir a plenitude de sua força segue em curso. Neste cenário, a figura do corretor de seguros ligados ao setor ganha ainda mais importância, justamente para ajudar a mitigar eventuais perdas do produtor e, assim, reduzir os impactos dos riscos. As preocupações são diversas, como perda de produtividade por conta de mudanças climáticas e gargalos logísticos. É o que avalia Paulo Henrique Pereira Junior, sócio-executivo da Anhumas Seguros.


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Em entrevista para A Tribuna, ele usa os mais de 30 anos de experiência no mercado segurado para fazer uma análise das preocupações do setor cafeeiro, aponta questões a serem solucionadas e deixa uma mensagem: a tendência de que os preços do produto se mantenham pressionados. Confira a entrevista:


Estamos a pouco mais de um mês da chegada do inverno. O que as previsões meteorológicas apontam para as áreas do País onde há predominância do cultivo de café?


A seca e a geada são as protagonistas dos riscos climáticos no Brasil e as responsáveis pela redução de 30% de produtividade em 2021, comparado com a ano anterior. Contudo, para a safra de café de 2022 existem previsões que indicam uma recuperação em torno de 10% em relação à safra de 2021, que foi extremamente lesada. Essa previsão positiva é resultado principalmente das chuvas que ocorreram no início deste ano, mas é importante mensurar que não foram suficientes para trazer a produção de volta ao pleno potencial.


Como a corretagem de seguros voltada para o café entra em ação, nesse contexto? Quais são os maiores desafios do seu segmento, levando em conta o contexto internacional de compra e venda do produto?


O papel do corretor nesta conjuntura é o de entender o cenário de risco à qual está inserida a cultura do café, analisar de forma pragmática a “dor” do produtor e desta forma pulverizar esse risco para o mercado segurador por meio de algumas modalidades de seguros existentes no mercado brasileiro, como por exemplo, os seguros agrícola, paramétrico, benfeitorias, transporte nacional e internacional, entre outros.


Quais as maiores preocupações para os produtores de café e como o seguro age para dar essa retaguarda?


Além da perda da produtividade decorrentes dos riscos climáticos, como mencionado anteriormente, podemos também elencar a preocupação com o escoamento da produção e a parte de logística, por exemplo, o trajeto, a falta de contêineres, o roubo, entre outros. O seguro age como uma garantia de eventuais perdas que venham a ocorrer durante a safra.


Quais as modalidades de seguro oferecidas e os critérios para sua aplicação.


Dentre os seguros tradicionais, podemos destacar o Agrícola, o Paramétrico Agroclimático, o de Penhor Rural, o de Vida, o de Benfeitorias e Produtos Agropecuários e o de Transporte nacional e internacional. Para realizar um trabalho com primazia, é fundamental entender a operação e as necessidades do cliente e avaliar os riscos envolvidos e aplicar as melhores proteções para a mercadoria.


Existe “seguro de vida” dos cafezais? Se sim, em quais situações é acionado?


Existe sim. Esse seguro protege os pés de café da lavoura contra a ocorrência dos eventos climáticos cobertos, como por exemplo incêndio, tromba-d’água, ventos fortes, granizo, geada, chuvas excessivas, seca e variação excessiva de temperatura, identificando os danos a partir da poda a ser realizada para sua recuperação. As seguradoras oferecem coberturas especificas para cada um destes eventos, podendo o produtor contratar apenas um deles se assim preferir e de acordo com os critérios da seguradora.


O Brasil é um player de destaque no mercado de café. Como isso reflete nos negócios ligados à cultura de café? Há reflexo, com aumento de demanda?


O Brasil é um player tão forte que inclusive o economista americano, Peter Navarro, escreveu um livro intitulado If it’s Raining in Brazil, Buy Starbucks (Se Está Chovendo no Brasil, Compre Starbucks, em tradução livre)”. O Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por aproximadamente 35% da produção mundial e é também o segundo maior mercado consumidor, ficando atrás dos EUA. Outro ponto importante a destacar é que o Brasil é também o maior consumidor dos cafés nacionais. Mesmo com o aumento da safra este ano, acredita-se que existirá uma restrição de oferta de café no mercado interno. A tendência é que os preços do produto se mantenham pressionados, já que se espera uma redução nos estoques mundiais de café. Este panorama de preços elevados estimula as vendas externas.


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