IPC mostra que transporte, saúde e habitação lideram a inflação neste ano

Índice da FIPE também aponta impacto da alimentação; segundo economista da FGV, alta do dólar contamina setores

Por: Matheus Müller  -  24/08/21  -  10:00
 Muitos dos insumos dos principais setores são influenciados pelo câmbio, como o vestuário
Muitos dos insumos dos principais setores são influenciados pelo câmbio, como o vestuário   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Transporte, saúde e habitação, com alimentação em seguida, lideram a disparada da inflação neste ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que acumulou 4,56% entre janeiro e julho. No ano passado, no mesmo período, o IPC foi de 0,58%. Para economistas, o principal motivo da elevação é o dólar.


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O IPC-Fipe é calculado com sete categorias: Habitação, que subiu 4,94% de janeiro a julho, Alimentação (3,99%), Transporte (9,84%), Despesas Pessoais (-0,17%), Saúde (6,96%), Vestuário (2,10%) e Educação (2,91%) – veja infográfico.


O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Matheus Peçanha, aponta que, apesar de boa parcela da população ter sofrido na pandemia com demissões e achatamentos salariais - que refletem no poder de compra - a inflação não é de demanda (quando há grande procura sobre produtos), mas de custo.


Por isso, o dólar aparece como o vilão. “Muitos insumos da indústria brasileira são importados e, portanto, dolarizados”, diz.


“A maioria dos insumos farmacêuticos são importados e vai ter essa pressão inflacionária na saúde. Na indústria têxtil, essas matérias-primas dos tecidos são importadas. O transporte também é afetado pela gasolina, com a alta de dólar e petróleo, e o etanol pela estiagem”, afirma o economista.


“Na habitação, nos microdados (subitens da categoria) consta energia elétrica e GLP (gás de cozinha). Com a estiagem, foram registrados problemas nos reservatórios das hidrelétricas e, com isso, as termoelétricas tiveram que ser acionadas. Isso encarece o custo porque a maioria opera por combustível fóssil, que está mais caro pelo dólar e petróleo”, comenta.


IPCA e IPC


De acordo com Peçanha, a diferença entre IPC-Fipe e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, é que este último é usado pelo Banco Central para monitorar a inflação.


Ele conta que o índice da fundação já foi o oficial do Brasil, quando o IBGE não publicava o IPCA. Também tem questões metodológicas, pois o IPCA mede uma cesta um pouco diferente do IPC, com pesos (avaliações). “Além da abrangência, o IBGE capta preços em todas as regiões metropolitanas do País e o IPC, nas nove mais populosas, mas você pode ver que (os índices) andam quase colados”, afirma Peçanha.


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