Gasolina acumula alta de 26% nos postos de Santos neste ano

Segundo balanço da ANP, preço médio chegou a R$ 5,771; na Baixada, Itanhaém lidera com o litro a R$ 6,102

Por: Rosana Rife  -  26/08/21  -  09:51
 Motoristas driblam alta com pagamento em dinheiro para obter desconto
Motoristas driblam alta com pagamento em dinheiro para obter desconto   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O preço da gasolina nas refinarias já subiu nove vezes este ano, acompanhando a alta do petróleo no mercado externo. Na bomba, a variação média passa dos 26%, em Santos, entre janeiro e agosto. No início do ano, o litro do combustível custava, em média, R$ 4,574. Agora, R$ 5,771. A tendência é de que ocorram novas majorações.


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A diferença média é de praticamente R$ 1,20 por litro. Quem costuma encher um tanque de 50 litros por semana gasta R$ 60,00 a mais. O motorista de aplicativo Leonardo Brito, de 26 anos, sente o peso no orçamento. Ele desembolsa pelo menos R$ 200,00 a mais do que em janeiro para manter o tanque cheio para as corridas.


“Para compensar o gasto, trabalho mais. Antes fazia oito horas por dia. Agora, para manter o mesmo lucro, tenho que rodar pelo menos 12 horas”.


O custo mínimo em Santos, de acordo com o levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), feito entre os dias 17 e 21 deste mês (último disponível), é de R$ 5, 349. O máximo bateu em R$ 5,997. A Tribuna percorreu postos de combustíveis na Ponta da Praia, Encruzilhada. Aparecida e Centro e encontrou valores entre R$ 5,799 a R$ 6,299 o litro.


Pesquisar preço e pagar em dinheiro ou no débito se mantêm como estratégias para reduzir o impacto no bolso. Vários postos em Santos oferecem essa combinação para atrair o consumidor e driblar a escalada de preços. (confira o gráfico)


“Estamos incentivando o consumidor a pagar em dinheiro para não ter custo financeiro e tentar girar um pouco mais, porque todo e qualquer aumento é problema de capital de giro”, explica o administrador de posto de combustível, Alexi Luiz Dias dos Santos.


É o que faz o educador Reginaldo Freire, de 49 anos. Ele deixa uma quantia separada na carteira para aproveitar ofertas. “Pago em dinheiro, mas reduzi o consumo. Antes, colocava R$ 100,00. Agora é no máximo R$ 60,00 e uso o carro só para ir e voltar do trabalho”.


O taxista Nelson Canha, de 73 anos, também reduziu o valor gasto no posto em 40% para dar conta do rally de preços. “Está complicado acompanhar esses aumentos. O nosso retorno tem sido muito baixo, porque ainda temos impostos para quitar”.


Efeito do câmbio


O dólar e o preço internacional do barril são os grandes responsáveis pela elevação dos custos. A demanda maior com a retomada global fez o valor disparar.


“Os nossos preços ainda estão com defasagem de 8,7% em relação ao cobrado lá fora. O problema é que o câmbio tem um custo político. Tivemos uma redução no câmbio entre o começo do mês e o dia 20, mas ele não se refletiu na tabela de combustível”, diz o analista de mercado da Infinity Asset Jason Vieira.


O presidente do Sindicombustíveis Resan, José Camargo Hernandes, conta que os distribuidores acrescentam outros fatores à lista quando são questionados sobre a escalada de preços. Segundo ele, para os postos, o reajuste da gasolina foi de 52,7% de janeiro para cá.


“Eles alegam que há custo do (álcool) anidro que está subindo e complementam com custos operacionais, aumento de despesas, aumento de tarifas de energia elétrica. Enfim, uma série de fatores que atuam no mercado para que haja esses aumentos significativos de preços”.


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