Crédito a microempreendedores vai ficar mais caro

Impacto da subida da Selic atingirá várias linhas, afirmam economistas

Por: Rosana Rife  -  31/10/21  -  13:03
 Empreendedor deve passar pente-fino antes de procurar os bancos
Empreendedor deve passar pente-fino antes de procurar os bancos   Foto: Pixabay

A alta da Selic, os juros básicos da economia, vai dificultar o acesso a crédito para microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas. A expectativa é de que as taxas das linhas oferecidas pelas instituições financeiras subam a reboque, avaliam os especialistas. A saída para quem precisa de um fôlego nas finanças é avaliar se realmente necessita desse financiamento e qual o volume exato de recursos.


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O economista Pedro Bono Milan diz que a elevação dos juros não é imediata. Como os bancos trabalham com a relação entre captação (o custo operacional), e a concessão de crédito (taxa ao cliente), quando ocorre alta na Selic há um aumento desse custo de captação e, por consequência, dos juros nas novas operações de crédito.


“Em um evento de aumento da Selic, os bancos podem também reduzir a oferta de crédito para determinado perfil de risco em algumas linhas”, afirma.


Vale destacar, que MEIs e micro e pequenas empresas têm ainda outros obstáculos a serem vencidos em comparação às companhias de maior porte, avalia o professor do Insper, Alexandre Chaia.


“Quando você empresta para empresa que tem capital aberto ou está em segmento de maior faturamento, é mais fácil para os analistas de crédito entenderam os riscos, a capacidade de pagamento e a governança da empresa. Quando você vai para MEI ou pequenas empresas, a quantidade de informação que se tem é muito menor e o banco vai estar assumindo o risco dessa não informação. Isso não é algo exclusivo do Brasil”, afirma.


Dicas
Nesse cenário é importante que o empreendedor verifique se precisa mesmo do crédito ou se há alternativas para aumentar o capital de giro, investir ou mesmo quitar dívidas antes de bater na porta do banco, diz o consultor de negócios do Sebrae da Baixada Santista, Rodrigo Martins.


Segundo ele, o empresário precisa, primeiro, de uma organização do seu negócio. Depois é necessário projetar quanto precisa e a finalidade do recurso. Veja se não há cortes que possam ser feitos para reduzir esses valores. Após isso, procure informações sobre as ofertas de crédito disponíveis no mercado.


Linhas mais baratas
“Atualmente existem linhas disponíveis pelo Desenvolve SP, Governo Federal, bancos do povo de muitos municípios e em instituições financeiras privadas. As linhas, na sua grande maioria têm carência para início de pagamento, taxas atrativas e prazo longo para sua quitação”, informa o especialista em finanças, Marcelo Rocha.


O consultor do Sebrae reforça ainda que a linha do Desenvolve SP, órgão de fomento do Estado, pode ser uma mão na roda.


“Muitos empresários não conhecem bem essa linha. Ela é totalmente digital, pode ser acessada neste site. Hoje há linhas que emprestam entre R$ 200,00 e R$ 5 mil a juro zero, com prazo de 30 meses para pagar e carência de seis meses. Mas o empresário precisa participar do Empreenda Rápido, um curso de capacitação oferecido pela agência”, diz ele.


Cuidados antes de tomar empréstimo


1) Avalie se é necessário a captação do empréstimo


Já tentou cortar gastos supérfluos da empresa? Seus preços estão adequados ao mercado e para a viabilidade do negócio? A disponibilidade de caixa está alinhada aos prazos de pagamentos dos fornecedores?


2) Projetar o quanto precisa e sua finalidade


Para que vou usar o dinheiro? De quanto preciso? Como vou pagar?


3) Existem outros recursos que podem pagar parte da dívida


Venda de veículo Queimar o estoque Desfazer de máquinas


4) Tenha noção das dívidas


Se tiver mais de uma dívida, organizar por ordem de prioridade


5) Hora de buscar crédito


O banco analisará itens como: capacidade de pagamento, score, relacionamento com a instituição e garantias


6) Depois de assinado o contrato


Disciplina e gestão eficiente focada em resultados para não enfrentar problema com o pagamento do empréstimo


Para otimizar a gestão financeira


1) Entenda a necessidade de fazer a organização do seu negócio


O primeiro passo para melhorar a gestão financeira em tempos de crise é aceitar que planejamento e organização são as receitas de qualquer empresa bem-sucedida. Muitas vezes, por falta de tempo ou por experiência no mercado, a pessoa acha que não precisa colocar as despesas e receitas no papel. Mas, em tempos de crises essa ação é essencial. Obter qualificação em finanças é uma grande dificuldade dos empreendedores, por isso, quanto mais você dominar o assunto, mais vantagem competitiva adquire.


2) Faça um planejamento estratégico para o atual momento


Quando falamos em planejamento estratégico, muitas pessoas acham que é algo extenso, cansativo e sem validade. Dedique-se a realizar essa tarefa, organize-se, coloque no papel os possíveis cenários que sua empresa irá enfrentar e quais serão as estratégias em cada um deles. Reúna todo seu histórico de faturamento, isso irá ajudar a entender qual a provisão de receitas e como é melhor agir para superar a crise.


3) Classifique as despesas e enxugue os gastos


Faça um levantamento de todas as despesas da empresa, até mesmo aquelas que considera muito pequenas. Com todo esse mapeamento em mãos, classifique as despesas em essenciais para o funcionamento e as que podem ser eliminadas. Corte as últimas e renegocie as essenciais


4) Dê uma olhada no que tem em estoque


Em tempos de crise, com quedas no faturamento, é comum que alguns produtos fiquem encostados e demorem um pouco mais a sair da prateleira. Visite o estoque, reveja o que tem disponível, faça promoções ou alguma ação direcionada para a venda desses itens. Podem ser kit promocionais, vendas de vouchers, promoções, sorteios, entre outras.


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