Com vacina, agências de turismo vendem mais passagens aéreas

Destinos preferidos são Nordeste e Rio Grande do Sul; com restrições ao exterior, México e Egito são visados

Por: Júnior Batista  -  22/07/21  -  19:31
 Aeroporto de Guarulhos: dúvidas com pandemia forçam compra em cima da hora, mas preço fica mais caro
Aeroporto de Guarulhos: dúvidas com pandemia forçam compra em cima da hora, mas preço fica mais caro   Foto: Saulo dias/Photopress/Estadão Conteúdo

Com o avanço da vacinação, agentes de turismo afirmam ter retomado as vendas de viagens, principalmente para destinos nacionais de praia e para o Sul. Bahia, Paraíba, Recife, Alagoas, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, além de México, Espanha, Portugal e até Egito estão no radar de quem anda buscando passagens.


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De acordo com os profissionais do setor na região, a procura vem principalmente do público das classes A e B, somados àqueles que mantiveram créditos de viagens não realizadas no ano passado, um movimento estimulado pelo otimismo com a vacinação.


Franqueada da Agaxtur Viagens Santos, Cláudia Valério afirma que desde de maio deste ano houve uma melhora na confiança por parte dos clientes na compra de viagens.


Ela afirma que os destinos mais procurados no Brasil foram o Nordeste em geral, Gramado (RS) e Foz do Iguaçu (PR). “Porém, o grande destaque ficou para Cancun (México), pela facilidade de entrada e pela possibilidade de fazer a quarentena no País e depois seguir para os Estados Unidos”.


Os EUA são outro destino muito procurado, conforme explica a diretora da Aulicino Turismo e Intercâmbio, Luciane Aucilino. Ela afirma que a procura aumentou, mas nem sempre resultou em venda.


Alta das passagens


As viagens nacionais de última hora, principalmente para o Nordeste, têm sido frequentes entre seus clientes. “Porém, estão pagando mais caro. Tem local que está o dobro do preço”, diz ela, citando passagens a quase R$ 4 mil para Natal (RN), em uma de suas últimas buscas.


Os dados do Índice do Preço do Consumidor (IPC) mostram uma alta dos preços. As passagens aéreas subiram 29,48% no acumulado de 12 meses. Já as dos ônibus, no entanto, caíram 14,54%.


O preços das passagens subiu 2,89% na segunda quadrissemana de julho, na comparação com o mesmo período do mês anterior - a pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) compara os números semana a semana.


Proprietária da Mendes Tur, Inês Bellini, afirma que as buscas por destinos nacionais superam os internacionais. Países que liberaram brasileiros, como o México, são um destaque à parte, segundo ela.


“Há muito mais gente preferindo praias e estão indo para o Nordeste”, afirma. Inês afirma que também sentiu as altas da passagens, no entanto, vale a dica: “quem busca com antecedência ainda consegue pegar boas promoções”.


A dica é referendada por uma outra proprietária de agência de viagens, em Santos, que preferiu se manter anônima.


A agente de viagens conta que não sentiu tanto a alta dos preços das passagens internacionais e encontrou promoções.


Vendas ainda baixas


“Em dólares, alguns destinos estão com passagens até 50% mais baratas, porém, a cotação do dólar subiu bastante. Quanto às nacionais, como sempre, continuam caras”, avalia ela, que está faturando cerca de 30% a 40% do que registrava antes da pandemia.


Dólar


Apesar do aumento de 29,48% no acumulado de 12 meses no preço das passagens aéreas, medido pelo IPC-Fipe, de janeiro a junho há queda de 15,59%. Isso acontece pela volatilidade dos preços, conforme o economista do FGV-Ibre, Matheus Peçanha.


Ele diz que as passagens, nos tempos mais rígidos da pandemia, caíram bastante, mas em setembro e outubro, com flexibilização das medidas sanitárias, ocorreu um boom de buscas. No fim do ano passado, a alta demanda e a subida do dólar pressionaram os preços.


Com o dólar mais estável neste ano, o câmbio afetou menos a variação das passagens, por isso a queda nos primeiros meses do ano. No entanto, ela não foi suficiente para derrubar o índice acumulado porque a disparada do fim de 2020 foi maior que o esperado.


A moeda americana também acaba influenciado as passagens nacionais via combustíveis e as aéreas com leasing das aeronaves em dólar, diz Peçanha.


O presidente da Associação dos Profissionais de Turismo, Eduardo Silveira, diz que a questão do câmbio é complexa. “Nesses 18 meses, o câmbio praticamente dobrou. Foi de R$ 3,20, R$ 3,50 a R$ 5,50 quase R$ 6. O impacto disto é muito grande”, diz.


Por outro lado, o número de ofertas de voos diminuiu, segundo ele. Silveira avisa que agora, junto aos novos consumidores, estão aqueles com carta de crédito (passagens canceladas no ano passado).


Para os próximos meses, Peçanha avisa que a soma de vacinação e festas de fim de ano vão pressionar o preço. Mas há um alívio. “Olhando para dólar, a expectativa é que ele encerre o ano valendo R$ 5”.


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