Alta renda acelera compra de carros de luxo na Baixada Santista

Inflação alta e dólar não inibem comprador premium e único freio é falta de componentes, com lista de espera

Por: ATribuna.com.br, com informações de Rosana Rife  -  03/09/21  -  08:30
 Pandemia estimula as vendas do segmento
Pandemia estimula as vendas do segmento   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Crise é uma palavra que passa longe do mercado de carros de luxo. As vendas se mantêm aquecidas e tiveram até um empurrãozinho com a pandemia. Há lojas até com fila de espera. Isso porque, com as restrições sanitárias, muitos consumidores de classe alta destinaram, por exemplo, os recursos de viagens, passeios e até restaurantes caros para a troca dos veículos premium.


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A gerente da Divena, concessionária Mercedes-Bens, Edna Grati, conta que, em vez de quantidade, houve um aumento do tíquete médio (valor médio pago pelo cliente) nas vendas. O custo, dependendo do modelo, variou de R$ 330 mil a R$ 700 mil. O da linha GLC 220D está entre os mais procurados. E, nesse caso, o valor pode chegar a praticamente R$ 440 mil.


Atualmente Edna tem dez clientes aguardando veículos e deve levar uns três meses para atender a todos devido à queda de produção por falta de componentes, o que segura a fabricação na montadora.


“Muitos clientes que não puderam viajar decidiram se dedicar à aquisição de um carro novo. Também houve quem sofre com a covid-19 ou possui parentes que tiveram problemas e decidiram que não valia a pena ficar guardando dinheiro”, conta Edna.


Nem a inflação em alta e o dólar nas alturas têm segurado o consumidor. O único freio ocorre mesmo pela falta de reposição de veículos. Na Audi Center Santos, 80% do novo modelo A-3, lançamento que está chegando às lojas, já está vendido. Em condições especiais, a unidade sai a partir de R$ 229,9 mil. “Mais de 80% dos veículos que vão chegar já estão vendidos. Antes, faltava cliente, agora faltam carros”, explica a consultora de vendas da empresa, Aline Albuquerque.


Mais opções


Mesmo o mercado de seminovos sentiu diferença alguns meses após o início da pandemia. A procura por veículos aumentou entre 20% e 30%. Na lista de interesse, veículos com valores entre R$ 150 mil e R$ 600 mil, com, no máximo 10 mil km.


“Trabalho com estoque de 12 a 15 carros. Hoje só tenho seis. Tenho cliente e não consigo carro, porque, com o veículo zero mais difícil no mercado, devido à falta de componentes, houve procura pelo seminovo”, diz o proprietário da AutoBahn Motors, Marcus Scanavini.


Segundo ele, o resultado poderia ter sido ainda melhor, caso a alíquota do ICMS não tivesse sofrido alterações, diz Scanavini. O imposto de carros usados saltou de 1,8% para 5,53% em janeiro. A partir de 1º de abril, diminuiu para 3,9%.


Mesmo assim, o impacto foi grande. “O ICMS mais que dobrou. Estamos pagando imposto alto o ano inteiro. Isso prejudica o nosso crescimento”.


Para o economista e diretor de Educação a Distância da Universidade santa Cecília (Unisanta), Marcelo Cruz, o setor ainda deve se manter em alta por um bom tempo. “A demanda vai continuar aquecida e não só no mercado de carros. Os imóveis de alto luxo também, porque as pessoas ficaram com dinheiro represado e isso se tornou um investimento em bens de consumo para essas pessoas”


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