Vírus da zika sofre mutação e nova linhagem circula pelo Brasil; estudo mostra risco de epidemia
Uma linhagem africana do vírus da zika foi descoberta por cientistas, e população não tem anticorpos para combatê-la
Atualizado em 24/06/20 - 22:49
O vírus da zika sofreu uma mutação, detectada em 2019 por cientistas, que está circulando no Brasil. O dado é de pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia.
De acordo com os pesquisadores, a linhagem desta mutação é africana. Por meio de uma ferramenta que monitora as sequências genéticas do vírus, foi possível ver a presença desta nova modalidade no Brasil.
Um dos líderes do estudo é Artur Queiroz, que afirma que os dados indicam que a linhagem do vírus chegou ao Brasil em 2019. Ela já teria sido encontrada no Rio Grande do Sul e no rio de Janeiro. Os hospedeiros que ‘abrigavam’ os vírus eram diferentes: um mosquito ‘primo’ do Aedes aegypti, chamado Aedes albopictus e uma espécie de macaco.
Segundo Queiroz, há o risco de uma nova epidemia. “A maior parte da população não tem anticorpos para isso”, diz.
Linhagens
A descoberta foi publicada no início de junho, no periódico “International Journal of Infectious Diseases”.
O vírus da zika possui linhagens asiática e africana, que circulam no Brasil desde 2015. Entre essas linhagens, há centenas de sequências genéticas. A maior parte de amostras indica que até 2018, o vírus presente no Brasil vinha do Camboja. Em 2019, o subtipo predominante vinha da Micronésia. Os cientistas, no entanto, se preocuparam quando, ainda em 2019 mais de 5% das sequências se mostraram inéditas no país, com linhagem africana.
O Ministério da Saúde informa que, em 2020, foram notificados 3.692 casos prováveis do vírus da zika - número muito inferior aos 47.105 casos de chikungunya e aos 823.738 de dengue. Segundo os cientistas, com a nova linhagem genética, a situação pode mudar.
*Com informações do G1 Ciência e Saúde