CoronaVac ajuda idosos contra a covid, mas não é ideal para 3ª dose, alertam infectologistas
Segundo especialistas, vacinas de vírus inativado são menos capazes de induzir o corpo a produzir anticorpos; entenda
Especialistas afirmam que a CoronaVac é menos eficaz do que outras vacinas na dose de reforço em idosos. Para eles, o Estado deveria utilizar imunizantes fabricados com uma tecnologia diferente, que permitiria proteção contra a covid-19 por mais tempo.
Médico e membro da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau afirma que, embora a CoronaVac não seja a melhor opção para esse público, orienta a população a tomar a vacina disponível.
“Se a Secretaria de Estado da Saúde (SES) recomenda, (os idosos) devem seguir. Melhor um booster (reforço) de vacina inativada do que um booster causado pelo vírus natural, ou seja, infecção, cujo desfecho é imprevisível. Então, é óbvio que é melhor isso a nada”, recomenda.
O médico e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weissmann, diz o contrário. Ele reconhece a importância da CoronaVac, mas não como dose de reforço. “Ela mostrou ser uma vacina eficaz, mas nem tanto para a faixa etária acima dos 60 anos. Alguns estudos sérios, com metodologia adequada, mostraram que o ideal é usar outra vacina para a terceira dose, como Pfizer ou AstraZeneca.”
Segundo ele, não adianta o Estado oferecer dose extra com imunizante não tão bom para esse público. “É insistir em um erro e não atentar às poucas evidências que já temos.”
Médica da Universidade de Campinas e consultora da SBI, Rachel Stucchi também diz não haver estudos que comprovem a eficiência da CoronaVac como dose adicional para a população idosa. Explica que há dois trabalhos sendo desenvolvidos na China apontando o desempenho da CoronaVac para uso como terceira dose, mas que ainda serão avaliados e, se aceitos, publicados.
“Se nós compararmos a CoronaVac com as vacinas de RNA Mensageiro (mRNA) o aumento de anticorpos (no tipo mRNA) é muito maior. A CoronaVac aumenta dez vezes, e a de RNA mensageiro aumenta 100”. Questionada se desaconselha a vacinação com a CoronaVac, declara que, “neste momento, sim”.
Polêmica
As vacinas de vírus inativado, como a CoronaVac, são consideradas menos capazes de induzir o sistema imunológico a produzir anticorpos, explicam os especialistas. À medida que uma pessoa envelhece, o sistema imunológico perde força.
“Então, seria natural escolher vacinas mais imunogênicas para eles. No caso, as de vetor viral (AstraZeneca) ou RNA mensageiro (Pfizer)”, afirma Stanislau, ao destacar que não há dados suficientes para contraindicar uma ou outra.
Para Raquel, se a CoronaVac for for usada idosos, pode ser necessário revaciná-los logo. “O Ministério da Saúde acertou, neste momento, tanto na recomendação da dose adicional quanto na escolha da vacina a ser aplicada. O Estado de São Paulo errou e não está ouvindo a ciência.”
“No futuro breve, com maior disponibilidade de vacinas e/ou com evidências científicas melhores, podemos revacinar, sem problema algum, com outras vacinas”, diz Stanislau.