A covid-19 e suas sequelas: é preciso apoio após sobreviver ao vírus

Quem contraiu a doença pode precisar de ajuda médica e psicológica

Por: Sandro Thadeu  -  04/09/21  -  17:20
  Dois casos marcaram o infectologista Alexandre Naime, do Hospital das Clínicas de Botucatu, interior de São Paulo
Dois casos marcaram o infectologista Alexandre Naime, do Hospital das Clínicas de Botucatu, interior de São Paulo   Foto: Divulgação

O técnico de segurança do trabalho Michel Anderson dos Anjos teve os primeiros sintomas de covid-19 no dia 19 de setembro do ano passado. Após permanecer internado por 25 dias, em dois momentos diferentes, inclusive em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em ambas as ocasiões, ele conseguiu vencer a doença.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Passado quase um ano de ter contraído a enfermidade, esse vicentino de 47 anos ficou com sequelas, como queda de cabelo, dores nos joelhos, fadiga e, até, o desenvolvimento de diabetes e pressão alta.


Os efeitos e as reações provocadas nas pessoas após contrair a covid-19 são muito variados. Além da dificuldade respiratória, vários têm apresentado problemas neurológicos (déficit de memória e dores crônicas), cardiológicos, motores, renais, dermatológicos (queda de cabelo) e psicológicos (síndrome do pânico, ansiedade e depressão).


Por esse motivo, as prefeituras e parte das universidades da Baixada Santista passaram a oferecer um acompanhamento especial para cidadãos que apresentam essas sequelas, como Anjos (Clique aqui e veja mais detalhes).


“Passei por vários médicos, como pneumologista, endocrinologista e hematologista, porque a minha ferritina (proteína produzida no fígado e que atua no armazenamento de ferro) estava alta. Durante meses, eu não conseguia subir a escada da minha casa para dormir no meu quarto e precisei ficar na minha mãe”, relembrou.


O técnico de segurança passou a ter melhora significativa a partir de maio, após iniciar o tratamento no Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 da Universidade Santa Cecília (Unisanta).


Inicialmente, ele passou por fisioterapia e, depois, a ter acompanhamento de uma nutricionista. Agora, ele está sendo monitorado pelos profissionais de Educação Física para melhorar a parte motora.


A diretora de Saúde da instituição de ensino, Caroline Teixeira, explicou que esse serviço começou em abril deste ano.


“Recebemos pessoas que tiveram o mesmo tempo de internação e apresentam sequelas totalmente diferentes. Estamos aprendendo diariamente com cada um deles. A fraqueza muscular é muito frequente, assim como o cansaço e a falta de ar”, explicou.


Plantão psicológico
O curso de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica da Universidade Católica de Santos (UniSantos) está oferecendo, desde maio do ano passado, um plantão psicanalítico para acolher e dar suporte emocional àqueles que tiverem crises desencadeadas pela pandemia de covid-19.


Segundo o supervisor desse serviço, o professor Hélio Alves, nove voluntários atendem de forma virtual. As pessoas atendidas passam por até três sessões com esses profissionais. “A nossa lista de espera cresceu muito. Inicialmente, o nosso foco era nas ações para os moradores da Baixada Santista, mas, inicialmente, para nossa surpresa, recebemos pedidos de outros estados, como Bahia e Rio Grande do Sul.”


Logo A Tribuna