Venezuela precisa de até US$ 70 bilhões para reerguer o país
Cálculo foi feito pela oposição de Nicolás Maduro, com a criação de um plano para 'criar um círculo virtuoso' que permita restaurar a operação da economia
A Venezuela precisará de entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões de injeção financeira para fazer o país - mergulhado em uma das piores crises de sua história - voltar a caminhar, calcula a oposição.
Sob a égide do economista Ricardo Hausmann, representante de Juan Guaidó - líder da oposição reconhecido como presidente interino por mais de 50 países - no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a oposição criou um plano para “criar um círculo virtuoso que permite restaurar a operação da economia [...] e começar a crescer”, disse Miguel Angel Santos, diretor de pesquisa aplicada do Centro de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard.
O plano da oposição, com quatro pilares, envolve a solicitação de “assistência maciça” à comunidade internacional entre doações e empréstimos, restaurando os mecanismos de mercado, abrir a Petróleos de Venezuela ao investimento estrangeiro e reestruturar de maneira “agressiva” a dívida com os credores.
A equipe espera Guaidó recorrer a um fundo especial do Fundo Monetário Internacional (FMI) para as catástrofes e situações de guerra, bem como doações de países amigos para impulsionar a economia, que perdeu quase metade do PIB nos últimos cinco anos, explicou Santos.
Além de incentivar a importação de matérias-primas e peças de reposição e produtos para reativar a produção - praticamente paralisada -, a equipe econômica de Guaidó contempla um “programa de transferência de renda para as famílias”.
Santos diz que eles estão trabalhando em um projeto para resgatar a Venezuela há algum tempo. “Graças a isso, a oposição venezuelana tem um plano”, diz Ricardo Hausmann.
Tamanho da crise
Com uma dívida de cerca de US$ 150 bilhões, o dobro do PIB venezuelano, segundo uma conta feita pelos economistas, na ausência de números oficiais, a Venezuela precisaria dedicar seis anos de suas exportações de petróleo, que representam 96% da receita do país, para quitar o que deve.
A produção de petróleo passou de 3,2 milhões de barris por dia há uma década para pouco mais de 1 milhão hoje.
A Venezuela faz parte do grupo dos 10 países que mais sofrem recuos na produção e nas importações desde 1950. “É o único país em ambas as listas”, lamenta Santos.
De 2014 a 2016, as importações caíram 70%. No caso do leite, a queda foi de 87% e, no caso da carne, de 98%. “E isso não foi compensado com a produção nacional”, lembra Santos, lembrando que com a hiperinflação - de 1.700.000% ao mês - o salário mínimo dos venezuelanos - cerca de US$ 5,5 - que em 2012 permitiu comprar 60 mil calorias, agora permite adquirir 600 calorias.