Últimos 5 anos devem ser os mais quentes já registrados na história, diz ONU

Relatório foi publicado dois dias depois de grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta

Por: France Presse  -  24/09/19  -  00:52
Suíça fez funeral simbólico da geleira Pizol, umas da mais estudadas do mundo
Suíça fez funeral simbólico da geleira Pizol, umas da mais estudadas do mundo   Foto: Fabrice Cofrini/AFP

A temperatura mundial média de 2015 a 2019 caminha para se tornar a maior de qualquer período de cinco anos já registrado na história, anunciou a ONU na véspera de uma reunião de líderes mundiais sobre o clima.


“Atualmente, calcula-se que estamos 1,1°C acima da era pré-industrial (1850-1900) e +0,2°C que em 2011-2015”, destaca o relatório 'Unidos na Ciência' da Organização Meteorológica Mundial (OMM).


Os dados confirmam a tendência dos quatro anos anteriores, que já foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura média mundial começou a ser registrada. Julho de 2019, quando várias ondas de calor afetaram a Europa, foi o mês mais quente da história.


Mas há disparidades regionais: os polos esquentam mais rápido e as zonas costeiras são ameaçadas antes de outras regiões. “Os efeitos da mudança climática não são sentidos de maneira igual. Alguns países sentem ondas de calor mais intensas ou inundações mais graves, mais cedo”, afirma o cientista chefe da agência meteorológica britânica, Stephen Belcher.


O relatório, publicado dois dias depois das grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta e na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova Iorque para a Assembleia Geral anual da ONU, faz um balanço da falta de ação dos Estados para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.


Nível do mar


Os cientistas afirmam que aumento do nível dos oceanos acelera e o ritmo subiu na última década a quatro milímetros por ano, em vez de três, em consequência do derretimento acelerado das calotas polares.


As indústrias de carvão, petróleo e gás prosseguiram com seu avanço em 2018. As emissões de gases do efeito estufa também aumentaram e, em 2019, serão “no mínimo tão elevadas” quanto no ano passado, preveem os cientistas. 


Adeus, geleira


Inspirada na ação feita na Islândia há algumas semanas, a Suíça realizou, no domingo (23), um funeral simbólico pelo desaparecimento de uma das geleiras mais estudadas do mundo, a Pizol, em consequência dos efeitos do aquecimento global. Cerca de 250 pessoas, algumas vestidas de preto, se reuniram após duas horas de trilha pela antiga geleira, localizada perto de Liechtenstein e da Áustria, a 2.700 metros de altitude.


“Viemos aqui para dizer ‘adeus’ ao Pizol”, declarou Matthias Huss, glaciologista da Escola Politécnica Federal de Zurique. O pároco de Mels, a comuna onde a geleira ficava, pediu  a “ajuda de Deus para superar o enorme desafio das mudanças climáticas”.  Como o Pizol, outras 4 mil geleiras nos alpes correm o risco de ter 90% de seu volume derretido até o fim do século, segundo um estudo da Escola Politécnica Federal de Zurique.


Logo A Tribuna