Turista diz que bebeu com criminosos e aprendeu a usar armas ao passar madrugada no Alemão

Estrangeiro já havia bebido e, por volta das 3h, pediu que um motorista o levasse até a 'favela mais perigosa de todas'

Por: De A Tribuna On-line  -  19/08/19  -  19:55
Hugo decidiu visitar o Complexo do Alemão após beber na Lapa
Hugo decidiu visitar o Complexo do Alemão após beber na Lapa   Foto: Reprodução

Um turista australiano, de 34 anos, afirma ter passado a madrugada da última sexta-feira (16) no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O mais inusitado é o que ele fez enquanto esteve lá: bebeu cerveja com homens armados, que depois ainda o ensinaram a manusear o equipamento.


Hugo Stanley-Cary conta que decidiu visitar o conjunto de favelas após deixar a Lapa, bairro boêmio da região central da cidade. Lá, ele já havia bebido. No Alemão, o estrangeiro chegou a ser confundido com um policial, mas conseguiu convencer que não usava um disfarce.


“Depois do mal-entendido, eles foram legais comigo. Bebemos algumas cervejas, me mostraram como usar armas, compartilhamos músicas, histórias e técnicas de luta. Às 9h, me levaram até a saída, mas não quis ir embora”, contou Cary.


Stanley-Cary trabalha em uma construtora de casas na Austrália. Ele disse que passou um mês na Nicarágua e está há três semanas no Brasil, entre São Paulo, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro. O turista contou que, por volta das 3h, pediu a um motorista de aplicativo que o levasse à "favela mais perigosa de todas". Ele admitiu que já havia bebido. Assim, foi parar no Complexo do Alemão.


Sem medo, o turista permaneceu no Alemão e andou pelas vielas. Ele acabou sendo encontrado bêbado e foi levado ao hostel onde estava hospedado por moradores do Complexo do Alemão. Hugo Stanley-Cary só deixou a favela ao entardecer. 


O jornalista Rene Silva, da Voz das Comunidades, foi chamado para ajudar na comunicação entre os moradores e o turista estrangeiro. “Ele contou que estava no Brasil de férias, e eu disse que ele tinha que ir embora, porque aquela área era perigosa. Havia cerca de 20 moradores em volta dele, protegendo-o para não ser roubado”, disse. 


O secretário municipal de Turismo do Rio, Paulo Jobim, se limitou a dizer que o caso comprova que o acolhimento do carioca é um dos maiores patrimônios da cidade: “Esse registro mostra um dos maiores patrimônios desta cidade: o jeito carioca de ser! Para recuperar o potencial turístico de nossa cidade, temos que mobilizar os cariocas para receberem os turistas com carinho, nesses moldes”, disse.


Procurada, a Polícia Civil do Rio informou que não tem uma cartilha de informação aos turistas e que não iria se manifestar sobre o caso, pois não houve registro de ocorrência sobre o episódio. 


*Com informações do Extra


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