Startup de cibersegurança diz que ataque à Renner gerou pânico nas empresas
Segundo a PSafe, empresas ainda não se deram conta do prejuízo ao não proteger preventivamente seus sistemas
Em janeiro de 2021, a startup brasileira de cibersegurança PSafe identificou o maior vazamento de dados da história do País, quando 223 milhões de brasileiros (incluindo já mortos) tiveram dados expostos e vendidos na internet. Diante de uma brecha desse tamanho, Marco DeMello, presidente da PSafe, não vê a alta de casos de sequestro de dados de empresas com surpresa. Segundo ele, as companhias ainda não se deram conta do tamanho do prejuízo a que podem estar expostas ao não proteger seus sistemas de forma diligente.
O caso da Renner criou pânico, diz Mello, que recebeu ligações de empresários com medo de virarem a próxima vítima. "Mas eu pergunto: por que o pânico só agora? A ficha tinha de ter caído há muito tempo."
"O ransomware vai gerar mais de US$ 20 bilhões de receita neste ano. Virou uma indústria. Então, a obrigação e a responsabilidade das empresas é de se defender", diz Mello. Ele diz que a solução ainda está na prevenção, mas que o empresário brasileiro ainda pensa que esse tipo de problema só acontece com multinacional, o que não é verdade.
A proteção, segundo ele, não é por antivírus, mas com uma defesa inteligente. O especialista alerta que os ataques podem ser nos servidores, mas que 90% deles começam por uma máquina vulnerável, e só depois chegam a eles. "Temos de acabar com a imagem do hacker com um gorro na cabeça e espinha no rosto. É uma indústria. Os criminosos usam inteligência artificial e sequestram tudo por meio da tecnologia. São muito sofisticados e investiram muito. E a defesa das empresas não tem nada de sofisticada. A proteção precisa ser contínua e proativa", alerta.
Uma vez que o ataque acontece, Mello alerta que não há muito o que fazer. As opções são pagar o resgate, o que acontece na maioria das vezes, ou ter um backup de todo o servidor. "Dependendo da empresa, restaurar os dados pode ser até mais caro do que o resgate", alerta.
Pandemia
A explosão aconteceu, segundo Mello, principalmente, de 2020 para cá. "Os dados das empresas, por causa da pandemia, passaram a estar on-line, mas a segurança não acompanhou. Os hackers evoluíram dez anos em dez meses e perceberam que se trata de um negócio lucrativo: ninguém é preso, ninguém é perseguido ou rastreado pelo governo e nem paga imposto, pois tudo é feito por bitcoin", finaliza.