Onde Investir: Torres Gêmeas, 2008 e Joesley

O aplicativo de investimentos Warren investigou quanto tempo o Ibovespa levou para se recuperar de uma queda violenta

Por: Por Marcelo Santos  -  14/03/20  -  23:42
Em hipótese alguma, se for optar por fundos, mire apenas o histórico do rendimento
Em hipótese alguma, se for optar por fundos, mire apenas o histórico do rendimento   Foto: Adobestock

Após uma semana de caos na bolsa, é natural o investidor se chocar com a desvalorização de suas ações. O comentário mais comum é “perdi tantos reais nos últimos dias”. A perda se dá só se vender efetivamente os papéis. Antes, é preciso segurar o pânico e aguardar o melhor momento para agir. Para isso, é necessário ter paciência, o que será recompensado. Basta observar as quedas acentuadas que, de tempos em tempos, sacodem o mercado. 

O aplicativo de investimentos Warren investigou quanto tempo o Ibovespa levou para se recuperar de uma queda violenta. Um desses momentos mais famosos é o do ataque às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em setembro de 2001. Nessa época, o Ibovespa emagreceu 27,9% em 11 dias. Depois de 82 dias, o índice tinha recuperado 52% e o investidor já ganhava 9,6%.

Em 2008, na crise do crédito americano, o Ibovespa despencou 45,12% em 31 dias. Neste caso, a recuperação foi mais demorada, de 76% em cinco meses. Ainda assim o investidor perdeu 3,4%.

Outra queda famosa e bem recente, a da delação de Joesley Batista, em maio de 2017, houve queda de 12,17% em dois dias. A recuperação de 26% veio em 86 dias, o suficiente para o investidor ganhar 10,6%.


A lição dessas três quedas é de que, por mais que demore, a recuperação virá, algo que não é possível se o investidor se apavorar e vender uma ação por preço abaixo do que comprou. É o que os operadores do mercado chamam de“fazer prejuízo”. 

Se o seu caso foi logo de cara sair vendendo, é sinal de que não estava preparado para a bolsa. Esse despreparo pode se dar pelo perfil conservador, que não suporta ver encolher o patrimônio, ainda que temporariamente, mais afeito à renda fixa, com o Tesouro Direto, CDB e até caderneta

Há ainda outra incompatibilidade, que é a da estratégia. Quem investe em ações precisa diversificar. É fundamental deixar a maior parte do patrimônio em renda fixa, entre 70% e 90% do total, e também, no caso da bolsa, comprar ações de diferentes setores. Por exemplo, a ação da distribuidora de energia Taesa se mostrou a mais resistente da semana, apesar de também ter ficado no vermelho. Realmente as elétricas não têm a ver com vírus, a não ser que ocorra uma tremenda recessão que faça o cliente viver no escuro. Obs.: as elétricas são boas pagadoras de dividendos.

Sangue na bolsa 


Uma das falhas da bolsa é ser imediatista, cobrando resultados no curto prazo e sem paciência para esperar alguma melhora. Por isso, aviação e turismo, setores dos mais atingidos pelo coronavírus, sangram na bolsa. Em cinco dias, a Gol caiu 45%, a Azul,41%, e a CVC, 32%. Porém, a aposta é que a economia volte a reagir assim que as contaminações e quarentenas perderem vigor. Mas, para analistas, muitas ações sairão machucadas e a recuperação será mais demorada.

Dever de casa e risco 


Se você investe em ações e fez o dever de casa, com carteira bem diversificada, provavelmente não vê o patrimônio encolher tanto por estar com pelo menos 70% de suas economias em renda fixa. Mantendo essa proporção, se tiver dinheiro disponível, talvez seja hora de peneirar ações que ficaram baratas. Mas cuidado comas recomendações. A economia pode demorar para se recuperar e a valorização se revelar até bem minguada. Isso se chama risco. 

Cancelamento sem reembolso 


O barato sai caro é um dos lemas mais batidos,mas sempre verdadeiro. Muitos hotéis fazem promoções para cancelamento não reembolsável. Os preços sobem se for possível cancelar sem perder dinheiro. Como coronavírus, sob risco de contaminação e interrupção do tráfego aéreo e terrestre, quem optou pelo não reembolsável deve estar arrependido.Alguns hotéis podem até fazer alguma concessão,mas o estresse é o que menos se espera nas férias.
 


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