Feminicídios aumentam mais de 64% em três anos no Estado de São Paulo
Lei Maria da Penha não consegue impedir aumento da violência
O
GRÁFICO MOSTRA AUMENTO DE FEMINICÍDIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO
A Secretaria Estadual da Segurança Pública não divulgou os dados da Baixada Santista, mesmo após pedido pela Reportagem.
“Houve avanço, mas não tanto quanto gostaríamos. O espírito da lei é o da inibição do fato, porém, o distanciamento social por causa da pandemia e a convivência constante e diária do casal desencadearam o crescimento dos casos de violência doméstica”, ressalta.
Para Gabriella, o sistema ainda é deficiente. “Não é dada à vítima a segurança de que, se denunciar o agressor, ela terá a proteção estatal e a efetividade da punição. Há falta de punibilidade adequada à gravidade do ato cometido, motivo que desestimula a vítima de agressão”.
“Contudo, minha percepção é de que ela ainda não é efetiva, uma vez que vemos casos em crescimento. Ao longo de 15 anos, o ordenamento jurídico sofreu modificações positivas no enfrentamento da violência contra a mulher. Mas tenho dúvidas se apenas a mudança na legislação seria suficiente. Acho que trabalhar na educação da sociedade e em políticas públicas de conscientização das pessoas poderá ensejar mais efetividade”, opina.
“Infelizmente, não temos em muitas cidades no Brasil o atendimento a esses três requisitos. A lei sem a eficácia plena não vai acabar com ou diminuir a violência contra a mulher. Precisamos de uma rede social de estruturação, de políticas públicas que fortaleçam essa rede e, sobretudo, de um Estado presente e que tenha interesse na preservação e defesa dos direitos humanos”.
Delegada traça perfil de agressores
Jamila ressalta que as mulheres estão denunciando mais os companheiros, mas muitas ainda têm dificuldade de entender que são vítimas de violência. “Pois acreditam que apenas se ficarem lesionadas as pessoas acreditarão nelas. Assim, quanto mais informação, mais elas saberão que não estão sozinhas e que existem diversas ferramentas de apoio e denúncia”.
A delegadas lembra que muitos crimes ocorrem mesmo após registro de queixa porque as vítimas ficam com vergonha ou medo de continuar o processo contra o agressor.
“Muitas sofrem violência psicológica, levando-as a retornar à relação, acreditando que o agressor irá melhorar. Além disso, há o fato de desconhecer a necessidade de pedir medida protetiva de urgência”.
“Principalmente na possibilidade de o delegado de polícia (não só a Justiça) deferir qualquer medida protetiva de urgência em todas as ocasiões. Sabemos que as medidas protetivas salvam vidas e quanto mais cedo forem determinadas, mais protegidos estarão a mulher e os filhos”, finaliza.