Especialistas ensinam a proteger sua conta e fugir das quadrilhas do Pix

Entidades dizem intensificar medidas de segurança e alertam para aumento do tempo que pessoas passam on-line

Por: Bruno Almeida  -  09/11/21  -  11:36
Atualizado em 09/11/21 - 12:21
 Parcelamento no cartão de crédito e transferência via Pix são medidas em implantação
Parcelamento no cartão de crédito e transferência via Pix são medidas em implantação   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O aumento na quantidade de golpes e crimes ligados às facilidades com que transferências bancárias são realizadas fez especialistas em segurança digital e instituições que representam os bancos ampliarem os alertas emitidos para que os consumidores não se tornem vítimas de golpes com o Pix.


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Apesar de enxergar as facilidades trazidas pela ferramenta, que começou a funcionar em novembro do ano passado, o advogado e mestre em Processo Penal Daniel Bialski entende que o Brasil está despreparado para a tecnologia do Pix.


Segundo ele, a velocidade com a qual criminosos conseguem transmitir o dinheiro roubado não se compara à burocracia para bloquear um saque bancário com valores indevidos e à demora com que ocorre o rastreamento dessa quantia.


Para o advogado, a malha criminosa no Brasil passou a se dedicar a atividades relacionadas à ferramenta. "O mais grave é que agora só é possível transferir um valor máximo durante a noite, então as quadrilhas do Pix seguram a vítima durante a madrugada toda. Fazer a quebra de sigilo de quem recebeu o dinheiro, os laranjas, também é sempre muito demorado".


Advogado especialista em Direito do Consumidor, Leandro Carvalho faz parte do Instituto do Consumidor C+, associação que entrou com a primeira ação civil pública contra o Banco Central (BC) para suspender operações feitas com a ferramenta. Na ação, ele diz que "as transações via Pix são irreversíveis, não sendo possível cancelar a sua realização após a confirmação da operação".


À Reportagem, o advogado afirmou que "o Banco Central deve aperfeiçoar a ferramenta e buscar evitar falhas que possam prejudicar o consumidor. A fiscalização deve ser rigorosa".


Como a ferramenta foi lançada como uma alternativa mais rápida aos meios tradicionais de pagamento, a regulamentação do Banco Central se mostrou "insuficiente para garantir a segurança dos consumidores brasileiros", alerta Leandro Carvalho.


Em nota, o Banco Central informou que, no dia 16, entrará em vigor o mecanismo especial de devolução, que padroniza as regras e os procedimentos para viabilizar a devolução de valores nos casos de fraude pela instituição detentora da conta do usuário recebedor.


O BC espera, assim, aumentar a possibilidade do usuário reaver os fundos. Na mesma nota, afirma-se ainda que, na maioria dos casos, os golpistas se aproveitam da "vulnerabilidade do usuário para obter informações pessoais e financeiras". A partir daí, usam dados em transações de pagamentos e outras operações bancárias.


"Os golpistas acabam utilizando o Pix, dada a notoriedade do meio de pagamento, mas a sistemática de golpe já é antiga, ocorrendo nos instrumentos de transferência mais tradicionais", diz o BC.


Fique ligado
Os especialistas ouvidos por A Tribuna lembram que os usuários devem adotar certos cuidados ao utilizar essa modalidade de pagamento. As principais dicas são:


  • Evitar clicar em links recebidos via SMS ou por e-mail, porque eles podem ter sido enviados por criminosos. Os usuários também devem ter atenção a QR codes e mensagens falsas enviadas em redes sociais, como o WhatsApp;
  • Não passar informações sobre a sua conta por telefone; Ao realizar transferências, não usar wi-fi de locais públicos, como shoppings e bares. A rede pode ter algum tipo de vírus que coloca seus dados bancários em risco;
  • A chave Pix é diferente da senha para concluir a transferência. A senha nunca deve ser passada para ninguém. Já a chave é uma informação a ser compartilhada para a realização de uma transação e pode ser o seu CPF, e-mail, um número aleatório ou o número do seu telefone;
  • Não baixar aplicativos diferentes do app oficial da instituição que é detentora da sua conta.

O Banco Central ressaltou que a responsabilidade da avaliação das situações de fraude é das instituições financeiras ou instituições de pagamentos envolvidas na transação.


Principal entidade representativa dos bancos brasileiros, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, em nota, investir constantemente em campanhas e ações de conscientização em canais de comunicação com os clientes, "para orientar a população a se prevenir de golpes e a ter segurança em suas transações no ambiente digital".


Desde o começo da pandemia da covid-19, "os criminosos têm aproveitado a maior permanência das pessoas em casa e o crescimento exponencial de transações digitais para aplicar golpes na população", continua a Febraban.


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