Escolas públicas promovem segregação com escala entre 'moças' e 'rapazes' para volta às aulas
Pelo menos dois colégios organizaram retorno presencial com revezamento entre alunas e alunos
Duas escolas públicas do Distrito Federal organizaram o retorno às aulas presenciais com separação de alunas e alunos. Segundo o modelo, as "moças" frequentam as aulas em uma semana, e na outra, as atividades são exclusivas para "rapazes". Os colégios atendem alunos dos ensinos fundamental e médio, bem como Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A medida foi confirmada em um comunicado enviado às famílias dos estudantes. Desde o retorno das aulas no modelo híbrido, eles têm se revezado em grupos entre as atividades presenciais e remotas para evitar aglomerações. A escolha de separar meninas e meninos teria sido feita, segundo as escolas, com participação da comunidade escolar, pois muitas mães queriam as filhas em casa para ajudar a cuidar dos filhos menores enquanto trabalham fora.
O Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos (Centrodh) contestou a medida e protocolou um ofício no Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) para que esta seja repensada, pois o formato adotado seria considerado "segregação de gênero", bem como "causador de constrangimentos e desconforto em alunos que não se encaixam nesse padrão pré-determinado", como jovens não-binários e transexuais. Após a repercussão do caso, a Secretaria de Educação informou que ambos os colégios terão grupos mesclados na próxima semana.
No ofício também constam dois pedidos: reunião com as escolas para mediar a busca de soluções e abertura de diálogo com a Secretaria de Educação para debates de modelo de educação mais inclusivos para jovens LGBTQIA+. O objetivo das considerações é garantir uma educação mais inclusiva e que respeite as pessoas LGBTQIA+ residentes no Distrito Federal. Segundo o presidente do Centrodh, Michel Platini, é "inaceitável a imposição de segregação" e promoção de constrangimentos nas escolas.
*Com informações do G1