Conexão Irlanda: Ainda há tempo para um recomeço?

Nesta edição da coluna, Camila Natalo fala sobre a petição mais popular já enviada ao site do Parlamento, denominada 'Revogue o Artigo 50'

Por: Camila Natalo - De Dublin  -  29/03/19  -  17:53

No último domingo, uma petição online pedindo ao governo para cancelar o Brexit ultrapassou a marca de cinco milhões de assinaturas.


A petição “Revogue o Artigo 50” – que faz parte do Tratado de Lisboa e afirma que qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade com as respectivas normas constitucionais, retirar-se da União – é a mais popular já enviada ao site do Parlamento, passando na frente das 4,1 milhões de assinaturas acumuladas em uma petição de 2016 pedindo um segundo referendo na União Europeia.


O marco aconteceu no dia seguinte em que cerca de um milhão de pessoas participaram de uma passeata em Westminster, na Inglaterra, pedindo o “Voto do Povo” para impedir a concretização do Brexit.


A petição também teve a mais alta taxa de cadastramento, de acordo com o Comitê de Petições oficial do Parlamento, ganhando mais de dois milhões de assinaturas em 24 horas.


Em contrapartida, uma petição pró-Brexit no site do Parlamento, que sugere ao governo deixar a UE sem um acordo, recebeu 455 mil assinaturas.


A primeiro-ministra britânica, Theresa May, descartou a suspensão do Brexit, durante visita a Bruxelas para negociações com a União Europeia, na quinta-feira que antecedeu os protestos, e disse aos repórteres não acreditar que o artigo 50 seja revogado.


No entanto, o chanceler britânico Philip Hammond afirmou à repórter do canal Sky News no domingo, que um segundo referendo era uma “posição perfeitamente coerente” que “merece ser considerada junto com as outras propostas”.


A petição, iniciada no final de fevereiro, ganhou popularidade após o apelo da primeira-ministra ao público de que outros deputados são responsáveis por “empatar” a saída do Reino, afirmando que não está disposta a atrasar o Brexit para além de 30 de junho.


O abaixo-assinado já ultrapassou a limiar de 100 mil assinaturas necessárias para ser debatido no Parlamento, com o comitê oficial revelando que quase 2 mil assinaturas estavam sendo concluídas a cada minuto durante o horário de almoço de quinta-feira.


Em um tweet, o comitê da Câmara dos Comuns disse que aproximadamente 96% dos signatários eram do Reino Unido.


O site exige que os eleitores confirmem que são cidadãos britânicos ou residentes no Reino Unido e forneçam um nome, endereço de e-mail, país e código postal.


Muitas celebridades e deputados twitaram o seu apoio ao Parlamento para revogar a cláusula do Tratado de Lisboa que trata da saída da União Europeia.


Apesar de não constar na constituição escrita, negar um segundo referendo ao povo vai totalmente contra a democracia. Não é possível voltar no tempo, mas ainda há margem para, ao menos, fazer a tentativa de um recomeço onde o Brexit não siga adiante.


Logo A Tribuna