Acidentes com aviões da Boeing são semelhantes, aponta relatório
Caixas pretas das aeronaves da Ethiopian Airlines e da Lion Air mostraram 'similaridades'
Os dados das caixas-pretas do Boeing 737 Max 8 que caiu em 10 de março a Leste de Adis-Abeba, matando 157 pessoas, mostram “similaridades claras” com a queda, em outubro, de um avião do mesmo modelo pertencente à companhia Lion Air. A declaração foi dada no último domingo (17) pela ministra etíope dos Transportes.
“Durante a análise da caixa que registra os dados do voo [FDR-Flight data recorder], foram observadas semelhanças claras entre o voo 302 da Ethiopian Airlines e o voo 610 da Lion Air”, afirmou a ministra Dagmawit Moges, especificando que o relatório preliminar sobre as causas do acidente na Etiópia será publicado em 30 dias.
O avião da Lion Air caiu em outubro, no litoral da Indonésia, com 189 ocupantes, que não sobreviveram. O acidente com o voo 302 da Ethiopian Airlines deixou 157 mortos, de 35 nacionalidades. Foi o segundo acidente com o mesmo modelo de avião em cinco meses, o que levou autoridades de vários países a suspender o uso do aparelho.
A ministra não enumerou as semelhanças entre os acidentes. As caixas-pretas do voo 302 foram enviadas à França para que sejam analisadas.
Gestão
A Boeing teve uma semana difícil, marcada pela evaporação de quase 25 bilhões de dólares em capitalização de mercado e uma imagem manchada. Tudo consequência de uma fracassada gestão de crise após a tragédia do 737 Max 8 da Ethiopian Airlines.
“Foi calamitoso”, disse Matthew Yemma, especialista em comunicação de crise da Peaks Strategies, com sede em Connecticut, resumindo um sentimento geral.
“Horrível” e “chocante” foram outras palavras usadas por especialistas da indústria sobre a gestão da Boeing do acidente do 737 Max 8 da Ethiopian Airlines. As investigações iniciais relativas à Lion Air apontam para um mau funcionamento do sistema de estabilização de voo, o MCAS.
A Boeing se limitou a emitir um breve comunicado após o acidente da Ethiopian, com atualização uma vez por dia.
Nos bastidores, tentava impedir que as autoridades americanas proibissem o voo desses aparelhos, como fez a China e vários países europeus logo após a tragédia. Sinal da sensibilidade, o CEO Dennis Muilenburg telefonou ao presidente Donald Trump para defender o 737 Max e garantir que o modelo é confiável.
A Agência americana da Aviação (FAA) finalmente ordenou na quarta-feira a imobilização “provisória” dos Boeing 737 Max 8 e 9 nos Estados Unidos.