Santos vive crise financeira depois de registrar faturamento histórico
Embora tenha registrado um de seus maiores faturamentos em 2019, clube soma dívidas e problemas que podem derrubar o presidente
O Santos vive um paradoxo em suas finanças. Ao mesmo tempo em que vem de temporada na qual registrou um dos maiores faturamentos da sua história, se vê às voltas com prejuízos e cobranças judiciais que podem trazer problemas ainda mais sérios. Não bastasse isso, o presidente José Carlos Peres corre o risco de enfrentar o segundo pedido de impeachment por ter supostamente infringido normas que zelam pela saúde financeira do clube.
Em 2019, segundo a Pluri Consultoria, o Santos terminou o ano com superavit de R$ 24 milhões. Suas receitas aumentaram 84%, chegando a R$ 400 milhões. No entanto, 54% deste montante veio da venda de jogadores, o que será difícil de se repetir em 2020 devido à pandemia do coronavírus. Foram R$ 189 milhões arrecadados com a venda de Rodrygo ao Real Madrid. O clube também registrou aumento de 27% em suas despesas, que totalizaram R$ 376 milhões.
Em 2020, a situação já começou a mudar de figura logo no primeiro trimestre, com um prejuízo de R$ 19,7 milhões. Apesar de apontar um superavit de R$ 16,1 milhões com “receitas e despesas extraordinárias”, o clube teve prejuízo no resultado contábil do período, que engloba toda a movimentação financeira.
Cobranças na Fifa
Em meio a essa instabilidade interna nas finanças, o Santos tem de lidar com ações judiciais. São pelo menos três processos na Fifa de cobrança que podem até tirar pontos do clube no Campeonato Brasileiro caso não sejam solucionados.
Por não ter quitado a compra dos zagueiros Cleber Reis e Felipe Aguilar, além do empréstimo de Luan Peres, a diretoria santista é cobrada por Hamburgo (Alemanha), Atlético Nacional (Colômbia) e Brugge (Bélgica), respectivamente. Somando os três processos, a dívida chega a R$ 20 milhões, contando juros e multas.
Impeachment
As contas que não fecham não são a única dor de cabeça do presidente José Carlos Peres, que pode ter de enfrentar um segundo pedido de impeachment por causa das... finanças. Na noite de terça-feira, o Conselho Deliberativo se reúne oficialmente, por videoconferência, para votar parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) que recomenda seu impedimento.
Entre outras questões apontadas pela CIS, como o não recolhimento de impostos e o não cumprimento do orçamento, a gestão de Peres teria ferido o parágrafo C do artigo 68 do estatuto do clube, que trata da reprovação de contas. Em 2018, o Santos fechou o ano com R$ 77 milhões de prejuízo.
Todo esse cenário se desenhou antes mesmo da chegada do coronavírus, que certamente vai castigar todos os clubes. Mais do que nunca, a sorte está lançada.
