Membro do Comitê de Transição contesta Rollo e nega conhecimento sobre valores do contrato de Sabino

A renovação contratual do zagueiro Sabino segue repercutindo nos bastidores do Santos. Incomodado com a declaração do ex-presidente Orlando Rollo para ATribuna.com.br, na qual diz que as condições do negócio eram do conhecimento do Comitê de Transição (CT), o ex-candidato a presidente Ricardo Agostinho entrará com um requerimento no clube pedindo todas as atas de reuniões do órgão, pois, segundo ele, isso não foi informado aos integrantes do CT. Revelado pelo Peixe, Sabino tem 24 anos, mas apenas um jogo na equipe profissional do clube.

O Comitê de Transição foi criado por Rollo dias depois de assumir a administração do clube em razão do afastamento do ex-presidente José Carlos Peres, que, posteriormente, foi impedido de voltar ao cargo por decisão dos associados. O órgão foi desenvolvido com a finalidade de informar todos os candidatos à presidência sobre a situação administrativa do Santos.

Questionado sobre a renovação contratual de Sabino, que passou a receber R$ 200 mil por mês e, em razão de aumentos anuais, terá vencimentos de R$ 280 mil ao término do vínculo, em 2025, o ex-presidente afirmou: "A nossa intenção, a princípio, era a negociação do jogador com o Japão. Seria bom para o atleta e para o clube. Infelizmente, o Conselho Deliberativo entendeu que o jogador deveria permanecer, vetando a negociação, entendendo que o atleta estava valorizado em virtude de duas ótimas temporadas feitas no Coritiba. Nesses termos, o Comitê de Gestão, com a ciência do Comitê de Transição, procedeu com a renovação do contrato visando que o atleta fosse uma viável opção para a zaga do Santos em 2021".

Porém, de acordo com Agostinho, o Comitê de Transição nunca teve ciência dos termos para a renovação do vínculo do zagueiro.

"Com estranheza, recebi a informação de que no Comitê de Transição criado pelo presidente interino no final de 2020 fomos consultados sobre os detalhes da renovação do atleta Sabino. Sendo assim, nesta segunda-feira (22) estou enviando uma solicitação ao atual Comitê de Gestão requerendo a abertura de todas as atas de reunião do Comitê de Transição, desde sua criação, para não haver dúvidas de que não tivemos acesso a detalhes sobre o caso citado e tantos outros de que estamos tomando conhecimento nos últimos dias", disse o ex-candidato.

"Pensamos que sobre esses detalhes apenas o Comitê de Gestão atual teve conhecimento antecipado, posto que logo após as eleições houve grupos de trabalho conjuntos", acrescentou Agostinho.

Desnecessário

Milton Teixeira, outro candidato a presidente na última eleição, tem uma visão distinta do caso. Ele alegou que o seu representante no órgão teve acesso a uma planilha com a relação dos contratos e data de vencimento de cada um. Contudo, ressaltou que detalhes de negociações não tinham que passar pelo CT.

"Eles deram uma planilha com uma relação dos contratos e com os vencimentos de cada um, e a diretoria eleita teria que tomar as providências. Os dados que a gente tinha eram somente a data de término dos contratos. Condições e negociações são atos de gestão e, para isso, não era necessário consulta ou informes aos membros do Comitê de Transição", comentou Teixeira.

A chapa de Daniel Curi, por sua vez, alegou que o ex-presidente Rollo deixou todos os contratos à disposição dos candidatos. "Tanto de gestões passadas quanto àquilo que envolvia o seu mandato. Bastava os interessados em um determinado assunto pesquisar. Não havia como ser apresentado todos os fatos do clube nas reuniões do CT. Assim, objetivamente, entendo que sim, tínhamos acesso às condições à renovação", explicou Raphael Vita, representante de Curi no CT.

"Piada"

Também procurado pela Reportagem, Fernando Silva, com posicionamento semelhante ao de Agostinho, afirmou que não teve conhecimento de qualquer condição para a renovação de Sabino e definiu o órgão como uma piada. "Não soube das condições. O Comitê de Transição foi uma piada de mau gosto. Especificamente sobre a renovação do Sabino, nada foi mostrado nem consultado", falou Silva.

Rodrigo Marinho, outro ex-candidato, foi o único que optou por não comentar o caso.

O outro candidato no pleito era Andres Rueda, que venceu a disputa e se tornou presidente. A Reportagem entrou em contato com ele perguntando se ele tomou conhecimento dos termos do contrato de Sabino durante os encontros do Comitê de Transição. Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, a resposta foi de que "o representante da Chapa União pelo Santos no Comitê de Transição não teve conhecimento desse contrato referente ao Sabino".

Renovação comemorada

Novamente procurado por ATribuna.com.br, Rollo voltou a garantir que todos os membros do CT tiveram conhecimento da renovação do Sabino.

"Quando o Conselho Deliberativo vetou a negociação do Sabino, deixei claro para o Conselho Deliberativo que tentaria renovar seu contrato para não perdemos o atleta, que estava valorizado pelas duas ótimas temporadas que fez no Coritiba, além de ser o nosso zagueiro natural para 2021, já que o transfer ban, se ainda estivesse em vigência, proibiria a contratação de novos atletas. A negociação foi bem conduzida pela superintendência de Esportes e aprovada pelo Comitê de Gestão, com ciência ao Comitê de Transição. A renovação foi amplamente divulgada pela imprensa à época e comemorada pela torcida, que não queria sua negociação. Sabino retornou ao Santos neste ano, o novo presidente assinou este contrato federativo, ele estreou, foi o melhor em campo, fez gol, foi para a seleção da rodada e depois disso misteriosamente está afastado. O Comitê de Transição tinha livre acesso a todos os contratos do clube. Eu criei este comitê para que todas as informações fossem passadas para a nova diretoria, o interessante é que passados quase três meses de nova direção agora é que falam sobre a renovação do Sabino?", questionou Rollo

"Não falam, mas renovei os contratos do Kaiky e do Ângelo. Tudo que fiz teve o acompanhamento do Comitê de Transição, todos os assuntos foram compartilhados com eles. Todos tinham ciência dos atos do meu curto período na presidência", finalizou