'Já começamos o planejamento de 2022', afirma o presidente do Santos, Andres Rueda

Mandatário alvinegro não demonstra preocupação com rebaixamento no Brasileirão

Por: Bruno Lima  -  05/11/21  -  07:16
 Santos só deve contratar novos jogadores em casos
Santos só deve contratar novos jogadores em casos   Foto: Foto: Ivan Storti / Santos FC

Perto de completar o seu primeiro ano como presidente do Santos, Andres Rueda tem vivido fortes emoções na administração do clube. E uma delas tem sido no Campeonato Brasileiro, onde a equipe luta para se afastar definitivamente da parte de baixo da tabela. Apesar dos riscos de queda, o mandatário alvinegro, em entrevista para A Tribuna, é taxativo em dizer que o descenso à Série B nem passa pela sua cabeça. Além disso, Rueda fala sobre o planejamento para 2022, chegada de reforços, continuidade de Carille, nova Vila Belmiro e o futuro de Marinho.


Hoje o Santos está em evolução. Esteve na zona de rebaixamento, mas conseguiu sair e abrir vantagem do Z4. Na sua opinião, o Santos está livre do rebaixamento?


O Santos nunca pensou em rebaixamento. O nosso objetivo sempre foi outro. Essa palavra e esse sentimento não existem dentro da nossa diretoria, nem em mim.


Dados os fracassos no Campeonato Paulista, Libertadores, Sul-Americana, Copa do Brasil e a campanha ruim no Brasileiro, o senhor ainda acha esse elenco competitivo?


O nosso elenco não é o melhor do Campeonato Brasileiro, mas está em um nível intermediário, assim como vários outros times. Temos um elenco forte, mas em formação. Até por necessidade do clube, temos muitos jogadores jovens, que foram promovidos para jogar no elenco principal. E como acontece com toda equipe em formação, ela oscila. Mas o time vem se encorpando, jogando cada vez melhor e acredito muito no elenco que o Santos tem. É um elenco competitivo, que tecnicamente não é para estar no lugar em que esteve (Z4). Pouco a pouco vamos ter uma colocação gratificante no campeonato.


Neste seu primeiro ano, o Santos só se reforçou com jogadores emprestados ou que estavam em final de contrato. Em 2022 as contratações serão no mesmo sentido ou já será possível investir?


Nós já começamos o planejamento de 2022 com a nossa comissão técnica e a nossa área executiva do futebol. Já temos as posições em que pretendemos reforçar o time e vamos ao mercado. O nosso orçamento não é o ideal, mas vamos em busca dos melhores negócios. Tanto em qualidade, quanto na parte financeira. E isso diz que a gente pode sim comprar um jogador. Porém, podemos também envolver em trocas com outros times.


Mas haverá investimento pesado em contratações?


Vai depender muito dos valores envolvidos. Não vou mentir dizendo que estamos em condições de fazer aquisições vultosas, porque não estamos. Mas a gente tem condições de trazer jogadores de um nível bom dentro do nosso orçamento. Não adianta a gente se meter em aventuras e tentar jogadores que não vamos conseguir pagar salários ou sequer as transações. Não quero repetir erros do passado. Nenhum compromisso vai ser feito sem que a gente tenha a certeza que será possível honrar. Isso faz parte da reestruturação do Santos.


Quais foram os reais motivos que fizeram o senhor demitir Jorge Andrade e o André Mazzuco para trazer o Edu Dracena?


O futebol é resultado. E a gente precisa, diante dos resultados que não vinham vindo, dar uma mexida no clube. A partir do momento que você se propõe a dar uma mexida, o nosso intuito foi procurar alguém do mundo do futebol que tivesse identidade com o Santos para tocar a nossa área de futebol. E o nome do Edu Dracena já estava no nosso radar faz um bom tempo. No início da gestão tentamos conversar com ele, mas não era o momento. Porém, chegou a hora. Ele vai agregar muito a nossa gestão e a toda essa parte do futebol. É uma pessoa que já conhece o Santos, séria e trabalhadora.


Fábio Carille será o técnico do Santos para a temporada 2022?


Ele é o nosso técnico. Eu aprendi rápido que no futebol é difícil você afirmar as coisas. Mas quando essa gestão contrata um treinador, não é para um jogo isolado, para uma única temporada ou para um prazo curto. A gente sempre imagina que ele vai ficar conosco até o final da gestão, em 2023. Com o Carille não pode ser diferente. Ele é o nosso treinador, estamos muito contentes com o trabalho dele.


O Marinho já demonstrou interesse em sair. Ele permanece para 2022 ou será negociado? Caso venha a ser negociado, haverá reposição à altura?


Temos que parar um pouco com essa impressão que existe de que o Santos precisa de dinheiro e por isso vai vender os seus jogadores. Não é isso. O Santos realmente não está em uma situação cômoda financeiramente, mas estamos buscando alternativas que nos possibilitem não depender apenas da venda de jogadores. O Marinho tem uma situação muito clara. A gente conversa muito. Ele tem sim o interesse, e não é de hoje, de ir para o mundo árabe, e existindo propostas que sejam boas para o jogador e para o Santos, não tem por que deixarmos de pensar. O Marinho tem contrato conosco até final de 2022, é um jogador muito querido pela torcida, pela diretoria, agrega muito dentro e fora de campo. Mas não temos jogadores inegociáveis.


Danilo Boza e Diego Tardelli estão vinculados ao Santos até o término do Campeonato Brasileiro. Eles permanecerão no clube em 2022?


Usamos as estratégias de trazer jogadores por empréstimo, com salários dentro da nossa realidade e com valor de compra viável para o clube para que, caso interesse, efetuar as respectivas aquisições. Então, no final da temporada, com a comissão técnica e a gerência executiva, o elenco vai ser analisado.


O Santos tem três bons goleiros. O senhor pensa em negociar um deles?


O Santos não tem jogadores inegociáveis. O Santos tem três goleiros, mas um está lesionado e deve voltar até o começo do ano. Mas não é porque temos três goleiros que temos que negociar um ou outro. Existindo proposta boa para o clube, nada está fechado. Porém, não há essa intenção hoje. Um clube, em relação a goleiros, precisa ter no mínimo três em ótimas condições, porque necessitando eles precisam entrar e resolver. Vimos isso com o Jandrei, que entrou e fez uma partida belissíma. E ressalto: o nosso objetivo principal é o futebol. Não é só vender.


O que o senhor tem achado de ser presidente do Santos? É mais difícil do que imaginava?


Com certeza. No componente futebol, o campo é o grande diferencial. Pelo meu passado profissional, estou muito acostumado a assumir responsabilidades e tenho total interação sobre o que fazer. Quando você entra em um componente que foge das mãos, que é o resultado em campo, isso realmente é um pouco diferente. Eu tenho uma visão de que o nosso elenco é de razoável para bom, tenho total certeza de que dentro das nossas possibilidades fizemos o que podíamos. Contratamos 11 ou 12 jogadores que têm bastante potencial, e muitos deles estão jogando no time principal. Renovamos com toda a nossa base para não ter o risco de perder jogadores, o que nos dá um conforto de nos próximos anos não ficarmos preocupados. Em paralelo a tudo isso, os resultados não foram como imaginávamos. Mas isso faz parte, isso é o futebol. É muito estressante, não tenha dúvida. Mas seguimos confiantes de que no final da nossa gestão vamos deixar o clube muito melhor do que estava. Tanto no sentido financeiro, quanto no sentido de campo.


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