Ex-Santos, hoje em Portugal, Jubal conta que notícias do Brasil causam espanto por lá

Revelado no Santos, o zagueiro Jubal, de 26 anos, hoje no Vitória Setúbal, de Portugal, já voltou aos treinamentos após a pandemia do novo coronavírus. Com o Campeonato Português entrando na reta final, com mais dez rodadas para serem disputadas, o defensor explica como tem sido a rotina dos trabalhos no seu clube depois da quarentena, que paralisou o futebol por lá em quase dois meses. 

"Nós voltamos aos treinamentos na segunda-feira passada (4), mas com atividades em grupos de quatro atletas, com uma hora de intervalo entre cada turma. Os trabalhos têm sido realizados em dupla, sem qualquer contato e cuidando mais da parte física. Quando fazemos atividades com bola, o distanciamento é ainda maior", fala o atleta. 

Apesar da retomada dos treinamentos, a Federação Portuguesa ainda não decretou quando as dez rodadas finais do campeonato nacional serão realizadas. A única confirmação é de que no início os jogos serão disputados com portões fechados. 

"Todos os clubes da primeira divisão já estão treinando, mas não temos uma data confirmada. Vai depender de como serão os próximos dias e semanas. O presidente de Portugal (Marcelo Rebelo de Sousa) está começando a liberar outras funções no País, e, pelo que tenho visto, creio que no final deste mês ou no início de junho comecemos a jogar com os portões fechados. Como faltam dez jogos, acho que vamos sem torcida até o fim do campeonato", comenta Jubal.

O zagueiro revelou que apesar do retorno aos treinamentos, o novo coronavírus não é esquecido dentro do Vitória de Setúbal. Segundo o jogador, rotineiramente o clube tem submetido jogadores, membros da comissão técnica e demais funcionários a exames.

"Fizemos os exames para saber se algum jogador tinha contraído o coronavírus assim que retornamos, e repetimos na quinta-feira (8). A cada seis dias o clube tem realizado os exames para saber como estamos".

"Absurdo"

Os números e a forma como o Brasil tem lidado com o novo coronavírus têm assustado os portugueses. De acordo com Jubal, as notícias que chegam por lá fazem a população local encarar como absurdo o tratamento que algumas autoridades têm dado a pandemia por aqui. O defensor, no entanto, tenta explicar a eles que existem diferenças entre os países.

"Como conheço o Brasil, vejo a questão com um olhar diferente deles, porque quando passam reportagens sobre o tratamento da pandemia no Brasil eles falam que é um absurdo. Se assustam por conta de tudo que essa pandemia já causou. Mas no Brasil é um assunto muito complexo, porque existem muitas pessoas de baixa renda, que precisam sair para buscar o pão de cada dia. Existe muita desigualdade social", diz o zagueiro.

"Em Portugal é mais fácil. Aqui não é comum encontrarmos autônomos nas ruas como no Brasil. Então, a maioria da população tem recursos para ficar em casa. O Brasil precisa sim se preocupar com a saúde, mas não pode esquecer das pessoas que precisam trabalhar, porque precisam alimentar os seus lares", acrescenta o jogador, que, em final de contrato, planeja um retorno ao futebol brasileiro ainda em 2020.

O vínculo de Jubal com o Vitória de Setúbal se encerra ao fim da atual temporada e, depois de quatro anos em Portugal, ele entende que chegou a hora de mostrar o seu talento e a maturidade conquistada durante a experiência europeia em solo tupiniquim. 

"O Vitória de Setúbal é o meu terceiro clube em Portugal. Eu assinei com eles quando deixei o Santos e fui emprestado para outras equipes para ganhar experiência. Agora estou nos meus últimos meses de vinculo e vamos ver qual será o futuro. Existe a possibilidade de voltar para o Brasil. Quando saí do Santos era muito novo, não estava maduro, mas acredito que desenvolvi a minha maturidade em Portugal. Estou preparado para voltar ao Brasil", garante ele, que tem recebido sondagens de times brasileiros desde o ano passado. 

"O interesse de alguns clubes existe desde a temporada passada, mas como tenho contrato, isso sempre dificultou, porque eles (Vitória de Setúbal) queriam fazer negócio com algum outro clube da Europa. Não concordavam muito com um retorno ao Brasil, porque seria um caminho inverso e não era benéfico para eles. Tive que esperar acabar o meu contrato para tomar uma decisão mais cautelosa. Nesse ano mesmo vinha conversando com alguns clubes antes da pandemia, mas agora parou tudo. Acredito que quando tudo voltar teremos alguma coisa mais concreta".

Questionado se o retorno para a Vila Belmiro seria possível, Jubal não escondeu o respeito e a gratidão que tem pelo Santos, mas preferiu deixar o futuro aberto. 

"Tenho um carinho muito grande pelo Santos. Passei muito tempo da minha vida lá, deixei muitos amigos e foi onde me tornei profissional. Nunca sabemos o dia de amanhã. Se tiver a oportunidade de voltar ficarei muito feliz, mas não trato como prioridade. Vou optar pelo lugar que me proporcionar mais oportunidade de jogar", finaliza o defensor.